NADA MUDOU DESDE 2003????

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No 2º Colóquio [2003] disse-se

Só através de uma política efetiva de língua se poderá defender e promover a expansão do espaço cultural lusófono, contribuindo decisivamente para a sedimentação da linga portuguesa como um dos principais veículos de expressão mundiais.

Que ninguém se demita da responsabilidade na defesa do idioma independentemente da pátria. Hoje como ontem, a língua de todos nós é vítima de banalização e do laxismo. Em Portugal, infelizmente, a população está pouco consciente da importância e do valor do seu património linguístico. Falta-lhe o gosto por falar e escrever bem, e demite-se da responsabilidade que lhe cabe na defesa da língua que fala. Há outros aspetos de que, por serem tão correntes, já mal nos apercebemos: o mau uso das preposições, a falta de coordenação sintática, e a violação das regras de concordância, que, logicamente, afetam a estrutura do pensamento e a expressão.

Além dos tratos de polé que a língua falada sofre nos meios de comunicação social portugueses, uma nova frente se está a abrir com o ciberespaço e com as novas redes de comunicação em tempo real. Urge pois apoiar a formação linguística dos meios de comunicação social, promover uma verdadeira formação dos professores da área, zelar pela dignificação da língua portuguesa nos organismos internacionais, dotando-os com um corpo de tradutores e intérpretes profissionalmente eficazes.

A atual crise portuguesa não é meramente económica mas reflete uma nação em crise, dos valores à própria identidade. Jamais podemos esquecer que a língua portuguesa mudou através dos tempos, e vai continuar a mudar. A língua não é um fóssil. Também hoje, a mudança está a acontecer. Num país em que falta uma visão estratégica para uma verdadeira POLÍTICA DA LÍNGUA, onde o cinzentismo e a uniformidade são a regra de referência, onde a competição é uma palavra tabu, onde o laxismo e a tolerância substituem a exigência e a disciplina, onde a posse de um diploma superior constitui ainda uma vantagem competitiva, claro que continua a grassar a desresponsabilização.

Os cursos superiores estão ainda desajustados do mercado de trabalho, as empresas vivem alheadas das instituições académicas, existem cursos a mais que para nada servem, existem professores que mantêm cursos abertos para se manterem empregados. Ao contrário do que muitos dizem Portugal não tem excesso de licenciados mas sim falta de empregos. Mas será que falam Português?

Sobre CHRYS CHRYSTELLO

Chrys Chrystello jornalista, tradutor e presidente da direção da AICL
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