Views: 0
As imagens das inundações na Europa Ocidental, que já mataram dezenas de pessoas, são devastadoras e, como de costume, já despoletaram referências apaixonadas ao bendito “aquecimento global”.
A realidade, no entanto, fia mais fino: o que temos aqui é o resultado catastrófico da construção em leito de cheia – i.e. área de solo temporariamente coberta pelas águas quando ocorrem cheias extraordinárias, inundações ou tempestades.
A construção em leito de cheia arrasta dois problemas:
1 – As construções (sejam habitações, vias de comunicação ou equipamentos públicos) constituem obstáculos à progressão das águas [e, portanto, se o aumentar dos caudais for significativo o suficiente, serão destruídos pela força destas];
2 – A urbanização destas áreas implica a impermeabilização dos solos (devido ao uso de alcatrão nas estradas e à construção de passeios), pelo que é negada à Natureza a possibilidade de absorção, pelos solos, de pelo menos parte da precipitação.
O resultado está à vista: se ocorrerem precipitações intensas que contribuem de forma evidente para o aumentar do caudal dos cursos de água e se as águas se depararem, no seu curso, com obstáculos devido à urbanização de solos que deveriam ser, quando muito, várzeas agrícolas, o resultado é o que se vê nas fotos abaixo.
Isto não é resultado de qualquer aquecimento global; isto é consequência da arrogância humana que acha que é mais forte e mais inteligente que a Natureza.
Por que é que se continua a construir em leitos de cheia?
Simples:
A – Herança histórica: até ao advento do automóvel, os rios eram, por excelência, as principais vias de comunicação em muitas regiões no mundo;
B – A riqueza dos solos das planícies aluviais, factor determinante se pensarmos que a primeira actividade das comunidades sedentárias foi a agricultura;
C – Más políticas públicas levadas a cabo por políticos que não têm qualquer conhecimento em geografia, engenharia ambiental ou climatologia;
D – O sentido apelativo de viver junto de água, que é transversal a culturas e sociedades mesmo numa época em que se conhece os riscos associados a tal facto;
E – Arrogância técnica de uma espécie que acha que, recorrendo à tecnologia, conseguirá sempre prever e contornar os excessos da Natureza.

Desastres que nos fazem refletir… Alemanha




