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Hoje Timor-Leste perdeu um dos seus maiores amigos. E eu perdi um grande amigo, um homem bom, um homem de convicções fortes, de paixões por causas humanas. Uma figura conhecida de todos, que parecia estar sempre presente em todo o lado, ainda que a mobilidade por vezes reduzida o obrigasse, há muito, a estar acompanhado da cana que o ajudava a andar. Que preferia sempre trocar por um braço de um amigo, entrelaçando o seu braço no teu.
Morreu o avô Tom. Tom Hyland, um irlandês a sério, sempre com piada pronta, um sorriso maroto na face e um amor que parecia eterno por Timor-Leste. E por outras causas. Mais recentemente consternado com o que se passa em Gaza.
A saúde deu-lhe muitas preocupações. A eles e aos amigos. Que agora se despedem dele.
A sua ligação a Timor-Leste começou no meio de um jogo de cartas. O condutor de autocarros em Dublin estava a jogar as cartas com os amigos, algures em 1993, quando a televisão, então só a fazer ruido de fundo, começou a mostrar o documentário “In Cold Blood: The Massacre of East Timor”, de John Pilger.
No início ainda mandou baixar o som. Mas depois não conseguiu deixar de ver. E o que viu enfureceu-o. E no dia seguinte, com alguns amigos, criou a primeira grande ação de solidariedade com Timor-Leste na Irlanda, a East Timor Solidarity Campaign. O impacto dessa campanha foi enorme, ajudando a que a causa de Timor-Leste fosse conhecida naquele país europeu.
Tom Hyland viveu a maior parte da sua vida em Ballyfermot in Dublin. Mas desde 1993 que, para Tom, a sua casa era também Timor-Leste.
Entrou em Timor-Leste, incógnito, com um passaporte que o identificava como Tomás Ó Haolain, em 1997. Viajou até Timor Ocidental e depois entrou por terra em Timor-Leste. Em maio de 1999, pouco tempo antes do referendo, voltou, desta vez a acompanhar o então ministro dos Negócios Estrangeiros David Andrews, um dos muitos a quem convenceu a dar o seu apoio a Timor-Leste. Pouco tempo depois, a partir de 2000, Tom Hyland regressaria e por aqui ficou. A fazer amigos. A ajudar Timor-Leste, depois da independência, sempre com a convicção de um ativista e o coração de um homem bom.
Amigo Tom, sei que gostavas mais da Sandra do que de mim. Ou assim o dizias, com um piscar de olho maroto.
Farewell you gorgeous Irishman you!!!
Vou ter saudades de te dar beijos na careca. Fica bem amigo. A luta continua!
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Chrys Chrystello