morreu Jirinoviskii —

Vladimir Jirinovskii irrompeu na cena política russa em 1991 impulsionado pelos «órgãos», o defunto KGB.

As desbocadas perorações e insultos de Jirinoviskii — abrir caminho à força, até ao Índico, pulverizar a Polónia, submeter a Ucrânia — foram sempre sintoma de uma ronda de desgraças.

Nos turbulentos anos 90 do presidente Ieltsin o líder do Partido Liberal-Democrático (nada liberal e avesso à democracia) foi uma das caras mais em evidência do revanchismo e radicalismo nacionalista russos.

Bastava ouvi-lo, e entrevistei-o muitas vezes em Moscovo, para compreender a inquietação dos liberais russos e de toda a vizinhança — do Cazaquistão à Geórgia ou à Lituânia — quanto à consistência e viabilidade de um sistema democrático na Rússia.

Faleceu terça-feira em Moscovo, vítima de complicações da Covid-19, aos 75 anos, condecorado e honrado pelo Kremlin e confrades do parlamento russo.