máscaras defeituosas nos açores substituídas por mais máscaras defeituosas

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HOSPITAL DE PONTA DELGADA Máscaras com defeito terão custado 2,4 milhões de euros, segundo Vasco Cordeiro
FORNECEDOR REPÔS O MATERIAL, MAS NÃO RESOLVEU O PROBLEMA
Máscaras substituídas também têm defeitos
O presidente do anterior Governo garante ter conseguido a substituição das máscaras com defeito. O novo lote não terá chegado, no entanto, em condições.
As máscaras adquiridas, em abril, pelo Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, em que foram detetadas inconformidades, já terão sido substituídas pelo fornecedor, mas as novas também não estavam em condições para serem utilizadas, avançou a DI o secretário regional da Saúde.
“A 3 de dezembro o hospital detetou que estas outras máscaras que foram enviadas em substituição também elas não estavam em condições de ser utilizadas dadas as suas dimensões”, revelou Clélio Meneses.
O governante disse que o executivo estava ainda a averiguar a situação, para decidir.
“Vamos averiguar e nos próximos dias anunciaremos alguma decisão sobre isso, sendo certo que a responsabilidade é de uma entidade com autonomia administrativa e financeira que é o Hospital do Divino Espírito Santo”, apontou.
Na semana passada, o Diário dos Açores noticiou que foram detetadas no Serviço Regional de Saúde máscaras com inconformidades no valor de 3 milhões de euros. Questionado, em conferência de imprensa, Clélio Meneses disse que o novo executivo regional já tinha pedido um memorando para averiguar a situação e tomar uma decisão.
“Estamos a ser surpreendidos com a situação. No final da semana passada começámos a perceber que existia esse problema. Lamentavelmente foi uma das situações que não nos foi comunicada quando este Governo tomou posse”, disse, na altura.
Reação de Vasco Cordeiro
Em reação às declarações do secretário regional da Saúde, o anterior presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, alegou que o assunto “foi tornado público em abril do corrente ano e confirmado pelo Governo Regional de então”.
“Este assunto não é novo, foi público, logo em abril deste ano, e o anterior Governo assegurou as condições para que fosse resolvido, tendo, a 13 de novembro, sido aceite pelo fornecedor a necessidade de substituir, às suas custas, as máscaras que vieram com defeito”, salientou, numa reação, por escrito.
“Reconheço, como não poderia deixar de ser, ao XIII Governo dos Açores toda a legitimidade para não aceitar esta solução. Mas isso é uma situação bem diferente de criar ou alimentar a ideia que o assunto foi escondido pelo anterior governo, que não estava resolvido ou que os interesses da Região não tinham sido defendidos nesta matéria. Seja essa atitude uma atitude consciente e premeditada, seja a mesma derivada de má ou deficiente informação transmitida pelos diversos serviços envolvidos à atual tutela, – o que, em consciência, não posso excluir -, a mesma não pode deixar de ser esclarecida”, acrescentou.
Segundo Vasco Cordeiro, a grande procura por equipamentos de proteção individual, registada em março, levou a que fosse decidido “adquirir esses equipamentos diretamente na China”. “Entre o diverso equipamento então adquirido, encontravam-se cerca de 1.250.000 máscaras KN95/FFP2 adquiridas pelo Hospital do Divino Espírito Santo, EPER, em nome de todo o Serviço Regional de Saúde e que serviriam para abastecer o conjunto das unidades do mesmo”, adiantou.
No entanto, à chegada aos Açores, o material foi verificado, tendo sido detetada a “existência de irregularidades e defeitos num lote dessa mercadoria, num total de cerca 770.000 máscaras com valor de 2.444.400 euros”. “Esse lote de máscaras foi imediatamente separado e armazenado, não tendo nunca as respetivas sido colocadas em utilização no âmbito do Serviço Regional de Saúde”, garantiu.
Na altura, a então secretária regional da Saúde, Teresa Machado Luciano, admitiu apenas terem sido detetadas inconformidades em cerca de 38 mil máscaras FFP2, num valor de cerca de 121 mil euros, mais IVA.
Segundo o ex-presidente do Governo Regional, o executivo exigiu, em abril, ao fornecedor a substituição das máscaras com defeitos, tendo sido realizados novos testes, em maio, a pedido do fornecedor, que confirmaram a existência de problemas com máscaras de vários lotes.
“Entre os meses de junho e novembro deste ano, foram realizadas diversas diligências sobre este assunto junto do fornecedor, as quais incluíram, a pedido daquele, e conforme decorre de prática nestes casos, a realização de testes às referidas máscaras por uma entidade independente externa, contratada pela Região, os quais concluíram, de novo e igualmente, pela existência de defeitos. A Região manteve sempre a não aceitação destas máscaras, a sua devolução e a necessidade de serem substituídas”, frisou.
Só a 13 de novembro, de acordo com Vasco Cordeiro, o fornecedor comunicou que assumia, às suas custas “a substituição integral das 770.000 máscaras, predispondo-se ao seu envio imediato a partir da China”.
O novo Governo Regional, que integra PSD, CDS-PP e PPM, tomou posse no dia 24 de novembro, mas o Programa de Governo só foi aprovado no dia 11 de dezembro.
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