mário quintana e falcão, o poeta e o futebolista

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Quando dois homens se encontram num mundo de homenzinhos. 👇
O POETA E O FUTEBOLISTA!
O Hotel Majestic colocou Mário Quintana no olho da rua.
A miséria havia chegado absoluta ao universo do poeta.
Mário estava só.
Encontrava o império dos homens sem sentimentos.
O porteiro atirou-lhe com um agasalho que tinha ficado no quarto.
“Toma, velho!”
Mário recita ao porteiro:
“A poesia não se entrega a quem a define.”
Mário estava só.
Onde estão os passarinhos?
A sarjeta aguardava o ancião.
Paulo Roberto Falcão soube o que estava a acontecer.
Chegou ao hotel e observou aquela cena absurda, triste.
Estacionou e caminhou até o poeta com as malas na calçada.
“Sr. Quintana, o que está acontecendo?”
Mário ergue os olhos e enxuga uma lágrima, destas que insistem em povoar os olhos dos poetas.
Quisera não fossem lágrimas, quisera eu não fosse um poeta, quisera ouvisse os conselhos de minha mãe e fosse engenheiro, médico, professor.
Ninguém vive de comer poesia.
Mário explica que o dinheiro acabou.
Está desempregado, sem família, sem amigos, sem emprego.
Restavam apenas essas malas nas ruas de Porto Alegre.
Mário vê Falcão a colocar as suas malas dentro do carro.
Em silêncio.
E em silêncio, Falcão abre a porta para Mário e convida-o a entrar.
No silêncio de duas almas na tarde fria de Porto Alegre o carro ruma na direcção do infinito.
Falcão pára o carro no Hotel Royal, tira as malas, chama o gerente e diz-lhe:
“O Sr. Mário, agora, é meu hóspede!”
“Por quanto tempo, Sr. Falcão?”
Falcão observa o olhar tímido e surpreso do poeta e enquanto o abraça comovido, responde:
“Por toda a eternidade”.
O poeta faleceu em 1994.
Esta história é verídica e linda.
O Falcão na época jogava no Roma, estava fazendo fortuna, tinha comprado um Hotel de 3 estrelas no Centro de Porto Alegre, o Royal.
Além de hospedar gratuitamente Mário Quintana, não permitia que fossem cobradas as refeições.
O poeta tinha sido despedido do Jornal Zero Hora, estava sem emprego, sem dinheiro e doente.
Após a morte do Mário Quintana, o Falcão conseguiu que o governo gaúcho comprasse o antigo Hotel Majestic e, junto com empresários amigos, reformou-o e transformou-o na “Casa de Cultura Mário Quintana”.
(Adaptado de um texto de Suelenita Soares Correia)
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