manifesto aicl 2012 (cada vez mais longe…)

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MANIFESTO AICL 2012, A LÍNGUA COMO MOTOR ECONÓMICO 17º COLÓQUIO 2012

 

O 17º Colóquio da Lusofonia foi um sucesso com mais de 5 dezenas de participantes, de 30 de março a 3 de abril na Lagoa, com nove autores açorianos ou representantes a quem se prestou vídeo Homenagem contra o Esquecimento. [1] Foi lançado o 14º Caderno de Estudos Açorianos dedicado a Maria de Fátima Borges, e um MANIFESTO da lusofonia em tempo de crise. Houve uma sessão de poesia açoriana, um recital do cancioneiro açoriano com Ana Paula Andrade e duas alunas (flauta e viola da terra). Igualmente se deu a hipótese ao grupo musical infantojuvenil Velvet Carochinha (da escola EBI da Maia) de atuar na abertura no Convento dos Franciscanos onde estiveram o secretário do Governo Regional, Dr André Bradford, o presidente da câmara municipal da cidade da Lagoa, os 3 patronos dos Colóquios da Lusofonia, Professores Malaca Casteleiro (Academia das Ciências de Lisboa), Evanildo Bechara (Academia Brasileira de Letras), Concha Rousia da Academia Galega e o escritor moçambicano João Craveirinha em substituição da Doutora Maria de Jesus Barroso que não pode viajar por impedimento médico. Foram apresentadas 3 obras literárias, uma mostra de livros de autores açorianos e duas representações do grupo Teatro & Cia do Rio Grande do Sul.

 

A AICL, preocupada pelas recentes decisões de natureza económica que põem em causa o cultivo e mesmo a continuidade da Língua e Cultura em Portugal, vem apresentar, algumas ideias que visam um estímulo económico através da língua e cultura, devendo a médio prazo servir para um estímulo maior à economia. Perante a existência de estudos que apontam a importância deste setor cifrado em 17% do PIB e considerando que Brasil e Portugal são os países que reúnem melhores condições de proporcionarem o arranque deste projeto, fica desde já a ressalva de que a eles se deverão juntar os restantes países da CPLP quando estiverem dispostos a fazê-lo sem quaisquer receios de Quintos Impérios e de neocolonização cultural.

1.º. Buscar consensos entre os governos do Brasil e de Portugal para que sejam reforçados e lançados cursos de língua portuguesa – presenciais e online – nas suas vertentes de ‘Português Língua Materna’ (PLM) e ‘Português Língua Estrangeira’ (PLE). Deve ser utilizada uma nova fórmula de conservação e propagação da lusofonia a nível mundial, como até agora não foi proporcionada quer pelo Instituto Camões quer pelo Instituto Machado de Assis e a CAPES, em três vertentes:

  1. a) aprendizagem e melhoramento da língua portuguesa como PLM ou PLE,
  2. b) literatura lusófona e,
  3. c) ciências de tradução.

Dever-se-á utilizar-se o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) da CPLP e o apoio de universidades e politécnicos dos dois países para tal fim.

Justificação:

Os cortes, por parte do Governo português, no sistema no ensino de PLM, como nos escassos apoios à divulgação da lusofonia através de cursos de PLE, têm-se mostrado sumamente prejudiciais ao cultivo da lusofonia em países não-lusófonos. Como fruto desta política de abandono, não só acaba por ser posta em questão a capacidade dos filhos de emigrantes portugueses de comunicar de forma adequada em todos os níveis na língua materna, mas também a aquisição da língua portuguesa nos países não-lusófonos onde a cada vez maior ausência do Instituto Camões tem servido como justificação de eliminação de cursos de português. No Brasil, dá-se semelhante abandono do ensino de PLM e PLE nos países não-lusófonos. Apesar da existência do Programa de Leitorado nalgumas universidades em países não-lusófonos, organizado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) em parceria com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), a rede é reduzida e fica longe de atingir a importância que caberia ao Brasil numa escala internacional. Não existe rede de ensino de PLM aos filhos de cidadãos brasileiros residentes no estrangeiro.

2.º. Buscar apoios das academias nacionais de língua portuguesa existentes, da CPLP, e demais instituições para contribuírem para este projeto a abranger todo o mundo onde haja lusofalantes e interessados na aprendizagem da língua portuguesa.

Justificação:

No mundo lusófono existem várias academias que se dedicam ao cultivo e à normalização da língua portuguesa, nomeadamente em Portugal a Academia das Ciências de Lisboa (ACL), no Brasil a Academia Brasileira de Letras (ACL), a Academia Brasileira de Filologia (ABRAFIL) e na Galiza a Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP). Para um projeto que visa fortalecer o ensino e a aprendizagem da língua portuguesa em todo o mundo, consulta e o apoio por estas organizações é uma mais-valia, indispensável.

3.º. Criar 500 bolsas de estudo anuais dedicadas a estudos relacionados com a lusofonia para que estudantes oriundos de países de todos os continentes possam frequentar universidades brasileiras e portuguesas.

Justificação:

Em conformidade com as capacidades financeiras dos países envolvidos, o Brasil disponibilizaria 350 bolsas e Portugal 150 para os melhores alunos dos cursos referidos em 1º. Terminada a presença no país de acolhimento, os bolseiros terão adquirido a função de embaixadores da língua portuguesa nos países de origem. A atribuição das bolsas poderá funcionar de forma semestral (p. ex. para estudantes de licenciatura), anual (p. ex. para estudantes de mestrado) ou plurianual (p. ex. para pós-graduação).

4.º. Convidar as editoras de Portugal e do Brasil a criar uma bolsa de edições a promover em todo o mundo as obras dos maiores vultos da escrita de cada um dos países lusófonos, as quais seriam disponibilizadas nos vários países.

Justificação:

Uma vez que a unificação da ortografia permite a divulgação do mesmo texto em vários países, a disponibilização das obras literárias mais representativas de cada país aos outros países não só facilita o acesso recíproco a todas as literaturas lusófonas, mas permite a publicação de edições únicas que poderão entrar em vários mercados livreiros.

5.º. Criar antologias bilingues para a disseminação de obras de autores lusófonos e promover a sua distribuição nos países onde o português é ensinado como língua estrangeira.

Justificação:

À semelhança da Antologia Bilingue de Autores Açorianos (2011), o fornecimento de antologias bilingues de textos literários de referência pode tornar-se indispensável numa primeira aproximação a textos portugueses por parte de estudantes estrangeiros e falantes da respetiva língua em que a antologia foi publicada.

6.º. Criar e despertar o interesse por autores lusófonos, através da disponibilização gratuita em linha de excertos de obras selecionadas de autores lusófonos.

Justificação:

Desde que se trate de obras isentas de direitos de autor ou que forem publicadas com consentimento dos autores, a divulgação de textos literários de forma digital, tal como está a ser feito com textos literários açorianos nos Cadernos de Estudos Açorianos, tem-se mostrado muito benéfica por ter atraído bastante interesse por parte dos utentes.

7.º. Evitar que as burocracias ministeriais e governamentais impeçam a imediata consecução deste projeto, pelo que deve ser nomeada uma comissão de sábios para definir em detalhe este projeto, cronograma e custos.

 

Este manifesto foi precedido da leitura do seguinte artigo

 

19.11.2. CRISE DE IDEIAS – 2012 – LÍNGUA PORTUGUESA EM TEMPO DE CRISE

 

Em minha opinião, a crise do país [Portugal ou Brasil] é mais do que tudo uma crise de ideias, de líderes, de pensadores e intelectuais, aliada ao capitalismo selvagem, dito neoliberalismo, que desde os anos 90 vem tomando conta dos meios de produção globais e manipulando os governos do mundo ocidental. O país precisa mais de se servir dos seus «sages» para usar um termo francês, em vez do mais habitual vocábulo “pensadores ou filósofos”. Um Conselho de Sábios, por assim dizer seria o que é necessário para vencer a crise e sair da podridão da partidarite, viciada em cunhas, nepotismo e esquemas de corrupção.

Teríamos depois, de estabelecer consensos alargados e um plano de mudança e ação, a muito longo prazo, e buscar a força e iniciativa dos mais jovens para as levar a cabo. Não devemos deixar que país se perca na sua atual insignificância quando grande parte da sua história foi feita de grandes homens que se sobrepuseram, pela sua visão, a gerações de séculos de Velhos do Restelo. São estes que hoje guiam os filhos e netos para uma subserviência e dependência total ao grande capital internacional sem esperanças de uma vida melhor. Trata-se de um retrocesso ao pior da Grande Revolução Industrial ou rumo a uma criação de novos servos da gleba, automatizados, controlados e vigiados, mas sobretudo intelectualmente deficientes. A receita universalmente seguida é a da ignorância, em que quase todos hoje vivem, aliviada com um voyeurismo exacerbado em Big Bordel (perdão Big Brother) e quejandos, e outras telenovelas da vida real que a TV projeta incessantemente nas horas poucas de lazer. Acrescentemos a esta fórmula mágica o entorpecimento futebolístico que ajuda a exacerbar paixões e ventilar frustrações recalcadas e temos o caldo mágico para as gerações futuras. Um sistema educacional e cultural forte seria a base para partirmos para o futuro em que ainda acreditamos.

Temos exemplos de gente excecional, mas a grande maioria emigrou e faz carreira no estrangeiro. Tratou-se de alunos que se não contentaram com a mediocridade do ensino e brilharam sem se deixarem enredar na modorra anquilosante dos que os governam. É esta situação de exceção que nos traz algumas esperanças.

A minha geração e, antes dela, a dos nossos patronos, foi criada na certeza de que nada era fácil nem havia almoços grátis. Havia trabalho, muito e mal pago, e a réstia de esperança de que fosse reconhecido pois todas as promoções eram a pulso na longa escalada que encetámos. Assim, essa geração subiu a novos patamares à custa de trabalho, esforço, estudo e aprendizagem contínua. Tínhamos coisas sagradas a que chamávamos princípios e ética. Líamos, debatíamos, estudávamos e continuávamos a aprender toda a vida. Nada era fácil. Hoje constata-se o que foi feito nas últimas duas décadas para destruir o tecido escolar, com a facilitação extrema para falsificar estatísticas, programas especialmente elaborados para ninguém ficar para trás, uma redução substancial da quantidade e conteúdo de matérias a aprender, o lento esquecimento a que a História foi votada porque os antepassados eram politicamente incorretos, a marginalização da Filosofia porque poderia levar os jovens a pensar e os maus tratos dados à Língua Portuguesa. Temos uma vasta gama de professores incultos, e a maioria dos alunos analfabetos funcionais incapazes de compreender ou debater o que leem.

Perdoem esta curta digressão para vos explicar o que pretendo. Os autores que estudamos foram substituídos para que hoje fosse quase impossível criar uma geração filológica-linguística como a do Cenáculo ou até mesmo compreender esse fenomenal, extraordinária e inexplicável centro de espírito e de estudo, de fantasia, de ideias numa sociedade banal como era a de Lisboa naquela época. O Cenáculo era uma reunião permanente de jovens em casa de Antero [de Quental], dia e noite, todos tinham ali os melhores livros, notas, provisões de princípios e de tabaco. Cada um deles possuía conhecimentos profundos sobre, pelo menos, uma das ciências base que são a matriz do conhecimento: física, química, matemáticas, filosofia, direito, história e linguística.

Quando Antero regressa do estrangeiro pleno de ideias e leituras novas é como que a vinda do Rei Artur à Corte de Camelot e daí nasceram as Conferências do Casino, cheias de cultura europeia, de fervor revolucionário, da romanesca efervescência intelectual e sentimental. Essa geração tentou trazer algo de novo e bom à nossa cultura, debatendo o Estado da Nação. As Conferências do Casino podem considerar-se um manifesto de geração. Denominam-se assim por terem tido lugar numa sala alugada do Casino Lisbonense e foram uma série de cinco palestras em Lisboa no ano de 1871 pelo grupo do Cenáculo formado, pelas mesmas pessoas, que constituem a Geração de 70. Antero é o grande impulsionador desde 1868, iniciando os outros membros em Proudhon. A 18 de maio 1871 foi divulgado o manifesto, já anteriormente distribuído em prospetos, e que foi assinado pelos doze nomes que tinham intenções organizadoras destas Conferências Democráticas.

22 de maio de 1871- A 1ª Conferência:

“O Espírito das Conferências”, por Antero de Quental consistiu num desenvolvimento do programa previamente apresentado. Antero referiu-se à ignorância e indiferença que caraterizava a sociedade portuguesa, falando da repulsa do povo português pelas ideias novas e na missão de que eram incumbidos os “grandes espíritos” e que consistia na preparação das consciências e inteligências para o progresso das sociedades e resultados da ciência. Para Antero o ponto fulcral seria a Revolução, o seu conceito, que define como nobre e elevado. A palestra termina com o apelo às “almas de boa vontade” para meditarem nos problemas que iriam ser apresentados e para as suas possíveis soluções.

27 de maio de 1871- 2ª Conferência:

“Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos últimos três séculos” por Antero. Em primeiro lugar julga a História, como uma entidade, o juízo moral, social e político. Em seguida enumera e discute as causas da decadência. Aponta o Absolutismo, a Monarquia Absoluta que constituía a “ruína das liberdades sociais”, o centralismo imperialista que coartara as liberdades nacionais, rumo a uma cega submissão; por fim, o desenvolvimento de hábitos prejudiciais de grandeza e ociosidade que conduziram ao esvaziamento de população de uma nação pequena, substituindo o trabalho agrícola pela procura incerta de riqueza, a disciplina pelo risco, o trabalho pela aventura. Para Antero a solução destes problemas seria:

“(…) a afirmação da alma nova, a consciência livre, (…), a filosofia, a ciência, e a crença no progresso, na renovação incessante da humanidade pelos recursos inesgotáveis do seu pensamento, sempre inspirado. (…) a federação republicana de todos os grupos, de todas as vontades soberanas, alargando e renovando a vida municipal (…) à inércia industrial oponhamos a iniciativa do trabalho livre, a indústria do povo, pelo povo, e para o povo, não dirigida e protegida pelo Estado, mas espontânea (…), organizada de uma maneira solidária e equitativa…[2]”[1] A conclusão insere uma dimensão progressista, a instauração de uma revolução, a ação pacífica, a crença no progresso inspirado na moralização social (Proudhon), num tom idealista e retórico.

5 de junho de 1871- 3ª Conferência:

“A Literatura Portuguesa” por Augusto Soromenho, professor do Curso Superior de Letras, uma crítica aos valores da literatura nacional. Cita a negação sistemática dos valores literários nacionais, excetuando Luís de Camões, Gil Vicente e poucos mais. Tem a sua vertente revolucionária ao inculcar a ideia de que a literatura portuguesa deverá ter caráter nacional, mas pautada por valores universais. O modelo e guia desta renovação salvadora da literatura nacional seria Chateaubriand, com o conceito de Belo absoluto como ideal da literatura, constituindo esta um retrato da Humanidade na sua totalidade.

12 de junho de 1871 – 4ª Conferência:

“A Literatura Nova ou o Realismo como Nova Expressão de Arte” por Eça de Queirós salientou a necessidade de se operar uma revolução na literatura. A revolução é um facto permanente, porque manifestação concreta da lei natural de transformação constante, e uma teoria jurídica, pois obedece a um ideal, a uma ideia. É uma influência proudhoniana. O espírito revolucionário tem tendência a invadir todas as sociedades modernas, afirmando-se nas áreas científica, política e social. A revolução constitui uma forma, um mecanismo, um sistema, que também se preocupa com o princípio estético. O espírito da revolução procura o verdadeiro na ciência, o justo na consciência e o belo na arte. A arte, nas sociedades, encontra-se ligada ao seu progresso e decadência e o artista sob a influência do meio, dos costumes do tempo, do estado dos espíritos, do movimento geral… Foca ainda as relações da literatura, da moral e da sociedade. A arte deve visar um fim moral, auxiliando o desenvolvimento da ideia de justiça nas sociedades. a.

19 de junho de 1871 – 5ª Conferência:

“A Questão do Ensino” por Adolfo Coelho traça o quadro desolador do ensino em Portugal, mesmo o superior, através da História. A solução proposta passa por uma mais ampla liberdade de consciência. … do Estado nada havia a esperar. o remédio seria apelar para a iniciativa privada, para que esta difundisse o verdadeiro espírito científico, o único que beneficiaria o ensino.

26 de junho de 1871

Quando Salomão Saragga se preparava para realizar a sua Conferência “História Crítica de Jesus”, o Governo, mandou encerrar a sala do Casino Lisbonense e proibir as Conferências. Nesse dia, Antero redige um protesto no café Central, hoje Livraria Sá da Costa.

 

Vivemos hoje uma encruzilhada como a da Geração de 1870 e das Conferências do Casino, sendo a enumeração de problemas bem semelhante à de então. Embora maioritariamente preocupados com os aspetos mais vastos da Língua Portuguesa, linguística, literatura, história, também nós constituímos um grupo heterogéneo unidos apenas naquilo que nos é comum, a língua de todos nós. A nossa língua configura o mundo, sem esquecer, porém, que Wittgenstein disse que o limite da nossa nacionalidade é o limite do nosso alcance linguístico. Os Colóquios são uma prova insofismável de que tudo é possível com custos mínimos desde que se dê liberdade às pessoas para criarem projetos com os quais se identifiquem e que se destinam a pensar e debater amplamente, de forma científica, a fala comum: a Língua Portuguesa – no plano linguístico, cultural, social, económico e político – na defesa, preservação, ensino e divulgação da língua portuguesa e todas as suas variantes. Em defesa da Lusofonia, defendemos a nossa identidade como pessoas e povos, e em prol da variada língua comum com todas as suas variantes e idiossincrasias, impedindo que outras culturas e outros povos nos dominem cultural, económica ou politicamente, como alguns, ostensiva e claramente, defendem. É aqui no nosso seio de oradores, patronos e patronos especiais como os que aqui temos hoje, que nos podemos afirmar como plataforma de arranque de uma congregação de um Conselho de Sábios e de jovens cultos e dinâmicos para pensar e agir rumo ao futuro sem nos deixarmos abater pelo negativismo da crise que visa embotar a nossa capacidade de realização.

 

Os Colóquios fizeram, são prova da vitalidade que a sociedade civil atuante pode ter quando se congregam vontades e esforços de tantos académicos e investigadores como aqueles que hoje dão vida aos nossos projetos. Resta que todos se juntem à AICL – Colóquios da Lusofonia para fazermos chegar o nosso MANIFESTO a toda a gente e aos governos dos países de expressão portuguesa e que este sirva de ponto de partida para o futuro que ambicionamos e sonhamos. Com a vossa ajuda e dedicação muito mais podemos conseguir como motor pensante da sociedade civil.

 

PARA TERMINAR INTERROGAMOS: Quanto vale um idioma?

Se a língua portuguesa estivesse numa prateleira de supermercado, estaria num nicho de luxo ou esquecida para promoção de minimercado? Estamos acostumados a medir o valor económico dos objetos a que um idioma dá nome, e não do idioma em si. Um estudo solicitado pelo Instituto Camões ao Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), em Portugal, encarou o desafio de medir essa grandeza, e revela que 17% do PIB do país equivale a atividades ligadas direta ou indiretamente à língua portuguesa. -É um percentual interessante … ligeiramente acima do que se apurou na Espanha relativamente ao espanhol (15%) – analisa Carlos Reis, da Universidade de Coimbra, professor visitante da PUC-RS e um dos fundadores da Universidade Aberta em Portugal, da qual foi reitor até 2011. O índice leva em conta a importância relativa da comunicação e da compreensão em campos de atividades económicas. Privilegia, relações económicas que exigem uma dada língua, descarta atividades que podem ser executadas por trabalhador de outra nacionalidade ou competência linguística. Ramos como ensino, cultura e telecomunicações seriam celeiros automáticos de atividades em que a língua é fulcral. Além das “indústrias da língua” há as ligadas a fornecedores de produtos em português, como a administração pública, e as que têm forte conteúdo de língua, como o setor de serviços, ou a que induz maior conteúdo de língua para a economia como um todo, da indústria de papel à de eletrodomésticos. Por último, o peso de processos em que o conteúdo de uma língua tem predomínio menor ou só relativo, ainda assim enquanto fazem brotar impérios no próprio circuito de trocas de um idioma. No Brasil, é o que ocorreria, por exemplo, à extração de petróleo e de minérios, ou ao agronegócio, a pesquisa indica que o fenómeno se repete em coeficientes aplicáveis aos países lusófonos. Línguas com muitos utilizadores fornecem mercado maior para bens culturais.

A diferença entre os países pobres e os ricos não é a idade do país. Isto está demonstrado no Egito, com mais de 5.000 anos, e são pobres Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia, há 200 anos eram inexpressivos, hoje desenvolvidos e ricos. A diferença entre países pobres e ricos também não reside nos recursos naturais disponíveis. O Japão possui um território limitado, 80% montanhoso, inadequado para a agricultura e para gado, mas é das maiores economias mundiais, que importa matéria-prima do mundo inteiro e exporta produtos manufaturados. Outro exemplo é a Suíça, que não planta cacau, mas tem o melhor chocolate do mundo. No seu pequeno território, cria animais, e cultiva o solo apenas durante quatro meses ao ano e fabrica laticínios da melhor qualidade. É um país pequeno que passa uma imagem de segurança, ordem e trabalho, pelo que se transformou no cofre-forte do mundo. No relacionamento entre gestores dos países ricos e os seus homólogos dos países pobres, fica demonstrado que não há qualquer diferença intelectual. A raça, ou a cor da pele, também não são importantes: os imigrantes rotulados como preguiçosos nos países de origem, são a força produtiva dos países europeus ricos. Onde está então a diferença? Está no nível de consciência do povo, no seu espírito. A evolução da consciência deve constituir o objetivo primordial do Estado, em todos os níveis do poder. Os bens e os serviços são apenas meios…A educação (para a vida) e a cultura ao longo dos anos, deve plasmar consciências coletivas, estruturadas nos valores da sociedade: moralidade, espiritualidade e ética.

Solução – síntese: transformar a consciência do Português. O processo deve começar na comunidade onde vive e convive o cidadão. A comunidade, politicamente organizada em Associação de Moradores, Clube de Mães, Clube de Idosos, etc., torna-se um microestado. As transformações desejadas serão efetuadas nesses microestados, que são os átomos do organismo nacional – confirma a Física Quântica. Ao analisarmos a conduta das pessoas nos países ricos e desenvolvidos, constatamos que a grande maioria segue o paradigma quântico, isto é, a prevalência do espírito sobre a matéria, ao adotarem os seguintes princípios de vida:

  1. A ética, como base;
  2. A integridade;
  3. A responsabilidade;
  4. O respeito às leis e aos regulamentos;
  5. O respeito pelos direitos dos outros cidadãos;
  6. O amor ao trabalho;
  7. O esforço pela poupança e pelo investimento;
  8. O desejo de superação;
  9. A pontualidade.

Somos como somos, porque vemos os erros, encolhemos os ombros e dizemos: “não interessa!…” A preocupação de todos deve ser com a sociedade, que é a causa, e não com a classe política, que é o triste efeito. Só assim conseguiremos mudar. Vamos agir!

 

[1] Canadá: Eduardo Bettencourt Pinto, EUA: Caetano Valadão Serpa, São Miguel – Eduíno de Jesus, Urbano Bettencourt, Daniel De Sá, Fernando Aires (Viúva Dra. Idalinda Ruivo Medeiros de Sousa e Filha Maria João Ruivo De Sousa; Terceira – Vasco Pereira Da Costa, Joana Félix (Poetisa, Filha do Emanuel Félix); Brasil – Isaac Nicolau Salum (descendente de açorianos, presença da filha Mª Josefina Salum)

[2] [1] Quental, Antero de, 2ª Conferência: Causas da Decadência dos Povos Peninsulares, Casino Lisbonense, 27 de maio de 1871 in Medina, João, Eça de Queiroz e a Geração de 70, Lisboa, Ed. Moraes, 1980, 1ª ed., pp. 157-158.