MALDITO PUTIN, PAULO SIMÕES

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É triste a impotência da Europa perante o horror que se desenrola na Ucrânia. A incredulidade desvanece-se a cada cidade cercada, a cada edifício destruído, a cada morte e é substituída pela certeza de que a loucura de Putin não se deterá perante nada nem ninguém até ter esmagado a Ucrânia e colocado um governo fantoche em Kiev, às ordens de Moscovo. A voz de socorro dos ucranianos é aflitiva, é dolorosa tal como é doloroso e frustrante perceber que o mundo assiste à morte em direto de pessoas, de cidades, de um país no coração da Europa tida como símbolo da liberdade, democracia e paz. Essa Europa também morreu.
Dizem-nos que a Europa e o Mundo nada podem fazer sob pena de desencadear um conflito global. Entende-se a preocupação, é real. Tal como é real a invasão da Ucrânia, tal como é real o objetivo último da Rússia de Putin de se coroar como o novo czar, Putin o Grande. Como se pára um louco dono de um arsenal militar que inclui armas nucleares?
Em 2004 a revista Foreign Affairs publicou um artigo onde se defende a ideia de que Putin tem um único desejo ainda por concretizar: restabelecer a Rússia como uma grande potência militar e que esse desejo se concretizará no devido tempo. Esse tempo está em marcha e não começou agora. O progressivo avanço rumo à restauração do Império Russo assentou no apoio à Ossétia do Sul e Abecásia, regiões que proclamaram a sua independência da Geórgia (qualquer semelhança com o que está a acontecer na Ucrânia não é mera coincidência), e à anexação da Península da Crimeia. Perante este avanço despudorado o que faz a comunidade internacional? Pouco. A diplomacia voltou a falhar e as sanções económicas são cócegas para Putin ao mesmo tempo que ferem também quem as aplica.
As Nações Unidas são, há muito, uma anedota, um palco para fazer de conta que os países têm voz. A Rússia ri-se na cara dos diplomatas, manobra a desinformação a seu bel-prazer e transforma mentiras descaradas em factos políticos que servem de argumentos para cometer as maiores atrocidades.
Deixo aqui o doloroso lamento de um idoso ucraniano em fuga que por entre lágrimas diz apenas isto: “Aquele malvado criminoso. Maldito seja!”.
(Paulo Simões – Açoriano Oriental de 27/02/2022)
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