LEONEL MORGADO E AS CURVAS DO COVID

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Prossegue a Retranca Em Curso.
No meio da confusão, da ansiedade de desconfiar de tantos fatores contraditórios, os dados são tão volumosos que esmagam a ansiedade.
Lista incompleta das suposições que confundem, vou chamar-lhes confunditórios, porque supositórios é palavra que já existe:
– os infetados do Porto foram contados duas vezes (mas ainda assim o ritmo desceu):
– os lares do interior começaram a reportar muitos casos;
– para evitar duplicações só iam a partir de hoje reportar dados do sistema nacional, pelo que podem ser só 70-75% dos totais (mas se os reportados também só serão 10% dos infetados…);
– mais umas centenas de testes daqui, outras dali, aumento provável de casos ligeiros detetados…
Enfim…!
E contudo, e contudo… O padrão mantém-se. A única alteração é que a terça-feira desta vez não foi de descréscimo: foi a segunda-feira (ontem). Veremos amanhã o que sucede. Mas também não foi de explosão. Dia após dia, vemos que o ritmo exponencial há quase quinze dias que não é o que temos. A contenção funciona. O isolamento social funciona. E o melhor? Os óbitos também começaram a travar! Bem antes do previsto. Só contava com essa travagem daqui a 3 dias, mas já há 3, ou seja, quase uma semana antes do previsto, que estão a afastar-se do crescimento exponencial inicial. Toda a mancha azul são vidas poupadas em relação ao esperado; toda a mancha daí às linhas verde e vermelha são quem provavelmente também já salvámos.
Os vários confunditórios acima acabam por se anular ou tornar insignificantes mutuamente.
E quanto aos lares do interior? Atente-se ao mapa que incluí hoje. Na mancha azul-clara, a mais afetada, mora 69% da população. A propagação pelos restantes 31% já atingiu os maiores centros, simplesmente não há gente suficiente por cá (pois cá moro) para alterar o panorama nacional.
Há muito sofrimento pela frente. Estamos claramente além do meio da curva sigmóide, vem aí o mês pior porque os novos infetados irão ter de ocupar os hospitais enquanto os anteriores ainda precisam de cuidados. Mas mantenhamo-nos resguardados, isto vai chegar ao fim. Como dizia o Luis Borges Gouveia, talvez perto do tão significativo 13 de maio.

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  • Leonel Antunes Grande Leonel, permite-me uma questão: há dias ficaste assustado (a palavra é minha) com a projeção que fizeste do número provável de total de mortes, em Portugal. É já possível, à luz desta tendência, rever esses números? Abraço e, como tem aqui sido repetido, muito obrigado.
    • Leonel Morgado É sempre possível rever, mas perante algo emocionalmente tão sensível, não queria estar a fazê-lo muitas vezes. Não me faz bem nem a quem me lê.
      Se as mortes já estivessem em ritmo sigmóide, estancariam em breve. Mas não devem estar, porque há 18 dias ainda estávamos com um ritmo muito forte. Dentro de mais uma semana já devemos ter uma perspetiva melhor. Estar agora a falar entre possibilidades tão díspares como poucas centenas e poucos milhares é demasiado disparatado.