JOSÉ SOARES Sem ponte, não há travessia!

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Sem ponte, não há travessia!

 

Mais um órgão da imprensa em papel desaparece nos Açores. Neste caso, trata-se do diário da Horta “O Incentivo”, que a partir de agora suspende a sua edição. Continuará em edição online.

A crise na imprensa escrita nos Açores é um fenómeno que já se arrasta há vários anos. A principal causa desta crise é a concorrência da internet e das redes sociais, que oferecem aos cidadãos uma forma rápida e fácil de aceder a notícias e informação.

Outros fatores que contribuem para a crise da imprensa escrita nos Açores são a redução da população bem como a perda de poder de compra.

As consequências da crise da imprensa escrita nos Açores são significativas. A redução do número de jornais e revistas tem levado a uma diminuição da diversidade de informação e opinião disponível para os cidadãos. Além disso, a crise tem provocado o desemprego de jornalistas e outros profissionais da comunicação social.

No início do século XXI, os Açores contavam com mais de 20 jornais e revistas. No entanto, esse número tem vindo a diminuir nos últimos anos. Em 2023, apenas 12 jornais e revistas estavam em circulação nos Açores.

A maioria dos jornais e revistas que ainda estão em circulação são de pequena dimensão e têm uma circulação reduzida. Estes jornais e revistas enfrentam dificuldades para competir com os grandes jornais nacionais e internacionais, que têm recursos financeiros e tecnológicos muito superiores.

A crise da imprensa escrita nos Açores tem sido acompanhada por um aumento da concentração da propriedade dos meios de comunicação. Em 2023, apenas três grupos económicos controlavam a maioria dos jornais e revistas que estão em circulação nos Açores.

Esta concentração da propriedade tem sido criticada por alguns observadores, que argumentam que ela pode levar a uma redução da diversidade de informação e opinião disponível para os cidadãos.

A crise da imprensa escrita nos Açores é um fenómeno complexo que não tem uma solução fácil. No entanto, é importante que os cidadãos e as autoridades públicas se preocupem com este problema. A imprensa escrita desempenha um papel fundamental na democracia, e a sua sobrevivência é essencial para a defesa da liberdade de informação e de expressão.

Os tempos são outros e a imprensa escrita terá de se adaptar às novas tecnologias, mas isso não tem de acontecer em meses ou semanas. Nesta campanha eleitoral, os políticos devem dirigir-se a este fundamental problema democrático.

Não será de todo contraproducente apoiar financeiramente a imprensa escrita durante um razoável período de transição por alguns anos. De resto, a rádio e a televisão pública (RTP/RDP) sempre foram totalmente apoiadas com dinheiros públicos e não se nota dependência política por isso!

Um governo socialista apoiar um jornal de direita, ou um jornal mais à esquerda ser apoiado por um governo social-democrata, a isto chama-se liberdade democrática, a que todos devemos aprender a viver. Sem jornais, não há pontes que dão voz aos problemas das populações. Sem jornais, aumenta a ignorância social. Sem jornais ficamos todos mais pobres.

É urgente tomar medidas para tentar resolver a crise da imprensa escrita nos Açores, as quais terão de passar pelo apoio financeiro do Estado ou Governo dos Açores a jornais e revistas de pequena dimensão; Pela promoção da leitura e do jornalismo nas escolas; Pela formação de novos jornalistas com as novas tecnologias das redes sociais.

A transição é inevitável, mas terá de levar o seu tempo. Trata-se de um grave problema democrático, sobre o qual os eleitores terão de pedir contas aos responsáveis partidários.

Essas medidas poderiam ajudar a garantir a sobrevivência da imprensa escrita nos Açores e a promover a diversidade de informação e opinião disponível para os cidadãos.

 

jose.soares@peixedomeuquintal.com