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O sacrifício das segundas-feiras
(Crón. Rádio Atlântida)
A segunda-feira é sempre um dia mal humorado seja para quem for.
Aos fins-de-semana, não há tempo para nada.
As mulheres queixam-se que o sábado foi para limpezas e, mesmo assim, não conseguiram chegar aos cantos todos da casa. Para além disso tiveram de cuidar das roupas dos filhos, do marido e ainda de tratar do almoço, pois ao fim-se-semana as cantinas estão fechadas e há que dar de comer à família.
No domingo, nem se pode dormir mais um pouco para descansar das lidas da casa. Os miúdos acordam à mesma hora de todos os dias e mais ninguém prega olho com barulhos, com as preocupações que atormentam qualquer mãe de família do que fazer para o almoço e para o jantar…
Não dou destaque ao modo como os homens passam o fim de semana. A maior parte – educada num machismo ancestral – cuida mais de si do que da família e daí advém muitos desentendimentos, por vezes insanáveis, entre marido e mulher.
O problema afeta muitas famílias das zonas urbanas, pois os trabalhos nas zonas rurais não permitem descanso semanal, nem coisa parecida! e tarde virá o dia em que os agricultores e lavradores terão um código laboral que lhes proporcione um horário de 40 horas e um descanso semanal obrigatório e necessário.
Impõe-se, por isso, um novo paradigma laboral.
A redução de uma semana de trabalho de 5 para quatro dias é uma situação nova que já foi testada, com sucesso, em vários países, nomeadamente: Islândia, Nova Zelândia, Bélgica, Espanha e Suécia. Em Portugal, não fosse a pandemia, várias empresas teriam experimentado as vantagens que essa medida pode trazer. Mas atenção!: 4 dias de trabalho não significa nem redução do horário de trabalho, que continua a ser de 40 horas, nem redução do salário.
O que as experiências revelaram é que a operacionalidade e produtividade dos trabalhadores aumentou, porque a ocupação do tempo foi mais proveitosa. Notou-se também um maior equilíbrio entre a vida profissional e familiar, maior disponibilidade para viajar e estar com a família e amigos e aumentaram os níveis de satisfação e felicidade.
Até porque há estudos que comprovam que pelo fato de um trabalhador ser muito certinho no cumprimento do horário, seja 100% produtivo.
A longa permanência no local de trabalho e nas escolas – passa-se lá mais tempo do que em casa, com a família – é um problema que afeta a sociedade, mas é difícil mudar de paradigma.
Não fosse a pandemia e as restrições impostas, e muito pouco proveito se tinha retirado das vantagens da sociedade da informação.
Quanto custa aos pais levantar à segunda-feira para ir a correr para o trabalho e deixar os meninos na escola, como se fossem despejados num armazém!
Viver tem de ser muito mais que isto.
Se for melhor haver semanas de quatro dias, com 40 horas de trabalho e os mesmos salários, que se introduza essa alteração e se adapte às escolas esse horário.
Perante tantas inquietações que a sociedade nos faz chegar, o mais importante é que sejamos felizes e façamos felizes os que nos rodeiam.
Começar a segunda-feira com ar cansado, contrariado e infeliz não é bom para ninguém, nem para as empresas, nem para os trabalhadores, muito menos para as crianças que pedem à vida o melhor que ela tem para dar.
PDL 09set2022
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- Maria De Fatima AmaralMuito bem José Gabriel. Um texto escrito por um homem que tem a consciência do que é o trabalho árduo das mulheres muitas delas sem terem a ajuda familiar. Felizmente já há muitos homens a ajudar as mulheres quer nos trabalhos de casa quer no cuidad…See more
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