INSÓLITOS ISLÂMICOS – CRÓNICA 11, 24 JANEIRO 2006

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INSÓLITOS ISLÂMICOS – CRÓNICA 11, 24 JANEIRO 2006

O dia acordou arejado. De facto, fora o mais fresco desde que chegara. No carro 6 ºC. Em Ponta Delgada os termómetros marcavam 9º, mas esperava-se que subisse até aos 18 ºC. De acordo com o calendário, pendurado em frente à secretária, era dia 23 de janeiro de 2006. Ao ler o jornal Público foquei uma notícia insólita:

À luz ou às escuras? Apagada, torna tudo muito mais louco: apalpões, encontrões, tropeções.

Manter a roupa? Deve ser sempre mantida, antes, durante e depois, pois é mais quentinho e aconchegado.

No campo alentejano espera-se que ele esteja com ceroulas e samarra e ela de saiote, combinação e chancas…

Como seria nas velhas dinastias praticantes de safada e jesuítica hipocrisia? Teriam um buraco no amplo camisão de noite? Quando os reis e príncipes se encontravam com as amantes ou barregãs, haveria mais intimidade e seriam dispensadas as vestes? O Freitas do Amaral na biografia do primeiro rei esqueceu-se de abordar o tema. A literatura medieval e posterior, atazanada pela sede persecutória da Inquisição deixou esta lacuna que urge investigar. Atenção mestrandos e investigadores. Apliquem-se e estudem o tema em profundidade. O resto da população regressará à pacatez islâmica e cumprir as normas e regulamentos: nudez total nunca!

Ora aqui está a prova porque é que Portugal sofre de todas as maleitas e baixa estima nacional. Finalmente sei porque é o desemprego aumenta, as empresas deslocalizam, a pátria espera pelo salvador que não se chama Sebastião e não chega numa noite de nevoeiro, nem é natural de Santa Comba Dão. Agora sei por que razão a igreja católica se viu compelida a criar a Santa Inquisição pedida por D. Manuel I, para cumprir o acordo de casamento e a 17 dezº 1531, o Papa Clemente VII, instituiu-a, mas um ano depois anulou a decisão. D. João III, renovou o pedido e encontrou ouvidos favoráveis no novo Papa Paulo III que cedeu, em 23 maio 1536, para durar até 1821.

A crer na História, na Idade Média o quotidiano das pessoas era preenchido por devassidão, depravação, desregramento, intemperança, libertinagem, devassidão, e por isso a Igreja teve de agir. Agora é a vez do Egito, com 477 anos de atraso, verificar a gravidade do problema que pode invalidar casamentos.

Se em vez do Egito fosse em Portugal quem sabe quantos seriam os casamentos anulados? Mas também neste particular Portugal pode dar umas dicas aos egípcios: ao preço a que a eletricidade está, deve ser sempre de luz apagada, com os dois parceiros totalmente vestidos por haver falta de verbas para aquecimento. Nem se consegue imaginar a cena doutra forma.

Infelizmente o debate não vem a tempo para perguntar aos candidatos a Presidente da República qual das infrações cometeram. Imagine-se a discussão nos 27 países. Resta aguardar que o debate chegue ao Parlamento Europeu.

Haverá no país e ilhas atlânticas, alguém interessado num inquérito para ver quantos casamentos são inválidos?

Por mais tolerante e multicultural que possa ser esta questão está a dar comigo em doido.

Se seguir a norma ora decretada no Egito nunca estive casado!

Isto sem contar as noites quentes passadas – em quantos países – em que ABSOLUTAMENTE me esqueci dos lençóis.

E na praia quando havia luar?

E quando era novo e acampava?

E na fase louca de vida em que vivi com os hippies na Beach House na praia em Díli?

Ou quando fui às massagens em Pattaya, Tailândia?

E em Macau, Indonésia, Kuwait City, ou no Brasil e Espanha com mais de 43 ºC? em Perth estivera sob 49 ºC.

O melhor será invocar doença degenerativa do foro psíquico ou amnésia súbita. Ai se me apanham! Ainda bem que não fui ao Egito nem vi múmias nem pirâmides, caso contrário penavsa numa cadeia do Cairo. Vou aproveitar para enviar esta Crónica aos filhos a avisá-los dos perigos que correm. Admira-me que o primeiro-ministro não tenha dado uma conferência de imprensa a alertar o povinho. O Papa Benedito se calhar vai aproveitar esta boleia islâmica e exigir o mesmo dos católicos.

“Sou casado, tenho filhos, mas você é linda. Quer fazer amor comigo?” Ouvi esta frase vulgar num filme mas pensava ser mais romântico “Voulez-vous coucher avec moi (ce soir)?” frase francesa divulgada na música “Lady Marmalade,” por Bob Crewe e Kenny Nolan e popularizada em 1975 por Patti LaBelle, Nona Hendryx e Sarah Dash. Seguiram-se versões em 1998 pelos All Saints e 2001 por Christina Aguilera, Lil’ Kim, Mýa e Pink num “single” para a banda do filme Moulin Rouge! A frase apareceu numa peça de 1947 de Tennessee Williams “A Streetcar Named Desire – Um elétrico chamado desejo.” David Frizzell e Shelly West gravaram um disco com música “country” em 1980 com o mesmo título, mas sem relação ao êxito anterior. Também em 1973, a atriz porno, política e ex-parlamentar italiana, Ilona Staller (Cicciolina), atingiu a fama com um programa de rádio com esse título “Voulez-vous coucher avec moi?” na Rádio Luna. Mas a origem da frase data de 1922 num poema de E. E. Cummings mais conhecido pela primeira estrofe “little ladies more,” que contém duas vezes a célebre frase.

Apesar de me lembrar de frases semelhantes estou vivamente convicto de jamais ter cometido qualquer ato de qualquer natureza com uma cidadã que professasse a religião islâmica, mas vou rever os apontamentos. Houve uma atraente e jovem árabe, dissera ser libanesa e não iraquiana, nessa viagem a meu lado rumo à Europa, de seis em seis horas erguia-se, estendia o tapete portátil, como quem abre um computador de viagem, perguntava onde ficava Meca e punha-se a orar a Alá. Nunca se deve fiar no que dizem. Não seria mais tarde, uma mártir e não se fizera explodir? Nem a tentei converter nem ela quereria.

Evoco as gaiatas persas no voo Air France (Paris Banguecoque 1973). O Xá Reza Pahlavi no poder na Pérsia e Farah Diba era nome de imperatriz. As meninas ricas passavam a vida em Paris a comprar joias e vestidos. Pareciam ocidentais de beleza exótica e pele levemente tisnada, nunca mais as vira. Nem eu nem ninguém. O Xá foi apeado e a Pérsia desvaneceu-se no Irão islâmico com mullahs, aiatolas e polícias à paisana para levantarem as burcas às jovens e verificarem se tinham batom nos lábios ou rímel, manifestações decadentes da civilização ocidental. Quantas não recordariam com saudade os tempos sem burca? a civilização retornara à idade da pedra com poderio nuclear, açoitando os criminosos, empalando mulheres à pedrada, cortando mãos, enforcando homossexuais e desviantes. Desafiava o ocidente, negava o holocausto.

Uma vez no bar dum hotel alemão de Frankfurt-am-Main, uma jovem sarracena, atraente, misteriosa e enigmática abordara-me com sinais de cabeça, já a noite ia alta. A atração das Arábias. Como se respondia nos antigos interrogatórios judiciais “Aos costumes disse nada.” Não recordo se seria argelina ou marroquina, talvez maltesa com sangue francês? Ou fora em Paris? Em Madrid não fora decerto, poderia ter sido em Londres ou Roma, Dubai, Abu Dhabi, Kuwait, Kuala Lumpur ou Banguecoque. As memórias entrecortavam-se, rostos sem nome e nomes sem rosto, lugares e momentos sem legendas. Aeromoças, companheiras de viagem, companhias de ocasião em busca de almas e corpos solitários. Nada sabia, nem nomes nem faces, nem a história. E depois havia a miúda, hospedeira da Cathay Pacific que telefonava e aparecia sempre que ia de Hong Kong a Sydney. Gestas que o tempo perdera. Episódios sem pontas para atar no balanço de vida hedonista.

Acreditem, era absolutamente demolidor. Nunca me lembrei ao conhecê-las de lhes perguntar a religião, nessas estadias curtas que fiz em cidades exóticas. Estava mais interessado em partilhar culturas e experiências do que descobrir o que se escondia por trás de véus e burcas. A ação jornalística em pleno Médio Oriente, de férias ou em trânsito, não estava totalmente desprovida de riscos como mais de uma vez constatei, mas este não fora previsto.

Por outro lado, a minha mulher “moura lisboeta” anda apreensiva, se bem que não seja seguidora dos ensinamentos de Maomé. Anda cabisbaixa e sisuda desde que leu a notícia, talvez prepare algo. Não auguro nada de bom. Isto não vinha nada a calhar, após tantos anos de casamento. A sociedade portuguesa vai agitar-se, imagino conversas em voz baixa à mesa dos cafés. Todos a fazerem perguntas e a tirarem notas, sabe-se lá do que são capazes para apanhar um qualquer pecador desprevenido. Este país sempre foi um covil de bufos. Que se cuidem os incautos que a fé pode abalar montanhas. Já me decidi, caso seja descoberto e exposto à ira islâmica, tornar-me-ei num mártir homem-bomba e far-me-ei explodir para ir direito ao céu onde garantem que 72 virgens me aguardam após a consagração como mártir em prol do Grande califado Al Andaluz..