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Não, não bati palmas, não assobiei, não cantei…
Não, não baterei palmas, não assobiarei, não cantarei…
As manifestações emotivas são importantes para a exaltação e para o ego.
Este vírus, como qualquer outro que virá a seguir, será combatido e erradicado com mais ou menos danos colaterais.
Não esqueçamos o ontem para preparamos o depois.
Palmas e outros afetos para os profissionais da saúde, das forças militarizadas e outras áreas, são o cúmulo da hipocrisia humana que alimenta a nossa indiferença.
Basta de indiferença para com os professores, médicos, forças policiais e vítimas de violência doméstica.
Basta de tudo querermos sem nada darmos em troca.
Basta de indiferença para com os miseráveis orçamentos que dão à educação, à cultura, à saúde uma parte ínfima que estrangula, desmotiva e paralisa profissionais, investigação e ciência.
Basta de indiferença perante a fome, os muros, as guerras e a sua indústria que leva a fatia de leão dos orçamentos.
Basta de indiferença e de individualismo.
E não vale cantar a canção “Hoje não porque joga o Benfica”!
Não, o Benfica não joga hoje nem se sabe quando jogará. Nem ele nem os outros.
Temos que preparar o amanhã.
Têm todos aqueles a quem damos o nosso voto de 4 em 4 anos a responsabilidade de trabalhar o futuro.
Têm todos a responsabilidade de consensualizar medidas urgentes que evitem:
Fecho de empresas, despedimentos, incumprimentos de trabalhadores e empregadores.
Tem o governo e a banca a responsabilidade de ajudar as pessoas já que foram as pessoas que permitiram e pagaram a crise financeira.
Não, não bato palmas, todos somos importantes para ultrapassar a situação. Setor público, privado e assistencial, entidades patronais, sindicais e partidos.
Não, não bato palmas pois vejo com preocupação que os gabinetes de comunicação continuam com a mesma intensidade a promover a imagem dos seus a todo o custo.
Não, não bato palmas, porque sei que passando mais esta crise voltaremos ao registo anterior.
Estaremos cá quase todos para contarmos os dias desta crise apesar de sabermos que os mais vulneráveis poderão não ouvir as nossas histórias.
Haja saúde e responsabilidade para hoje e para todos os dias das nossas vidas.
Fico com o “pó dos livros” enquanto me deixarem andar no meu habitat.