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GUERRA COLONIAL | MATOS GOMES
Comentários de hoje (verdadeiros!) do coronel
Carlos Matos Gomes
, brilhante militar e capitão de Abril, rigoroso historiador das guerras em África, escritor (Carlos Vale Ferraz) e cidadão de esquerda. A propósito da primeira página do Público de hoje.
1. “Esta primeira página do jornal Publico reflete o jornal e os valores pelos quais se rege a presente geração. Não reflete o passado: reflete o presente.
É, antes de tudo, uma capa que reflete o presente e os valores do presente, ao contrário do que provavelmente os autores pretendiam.
Reflete a falta de reflexão sobre o passado: de contextualização, reflete o vale tudo para chocar e ganhar mais uns cobres.
Entre isto e a pornografia pura e dura não há diferença.
Acresce que o diretor desta obra que o reflete é levado como comentador a casa das pessoas como alguém capaz de interpretar o presente.”
2. “O que aconteceu “ontem”, na guerra colonial portuguesa, tinha acontecido “anteontem” no Congo, e na Argélia e na Indochina. E aconteceu depois por todo o lado. E tinha acontecido no inicio do século no Congo, e no sul da Angola, e na guerra anglo-boer e só o Cecil Rhodes é responsável por mais de 10 milhões de mortos… e se lermos para trás aconteceu como está descrito na Peregrinação do Fernão Mendes Pinto e aconteceu nas campanhas do Afonso de Albuquerque… a guerra colonial portuguesa teve a dose de violência, de barbárie que é comum as guerras terem… O que esta guerra e as outras guerras com as suas fotos de violência confirma é que colocados nestas situações de confronto, os homens reagem assim, como lobos dos outros homens. A guerra colonial portuguesa não foi diferente das outras, de nenhuma das outras, nem das passadas nem das futuras. Não aconteceu nela nada que o Marquês de Pombal não tivesse feito aos Távoras e que a Santa Inquisição não tivesse feito aos judeus… Dito isto: a foto e o artigo são obscenos na medida em que a estupidez é obscena e a estupidez neste caso é julgar que há guerras “limpas” e que os portugueses da geração a quem calhou a guerra colonial podiam ser os únicos seres humanos a realizar uma guerra de mãos limpas… “

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- O que aconteceu ontem não representa nem 25 por cento, em destruição, violência e atrocidades, do que aconteceu (e acontece) hoje nas guerras civis em África, depois das independências. Infelizmente.
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