francisco madruga e os seus contos

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Eu não vi, mas sei quem viu!
Em tarde de sol, comodamente sentados na esplanada do Montanha, sem vento, as histórias iam saltando ao ritmo dos finos, que ajudavam a empurrar as lascas de presunto, atapetadas com pão. A trupe era variada e representativa como amostra das gentes da nossa terra.
Só registei uma história por me parecer a mais guicha e a mais enquadrável no cenário do Largo Trindade Coelho.
“Contava-se então que, o depósito de tabaco do sr. Eduardo fora assaltado durante a noite, sendo na manhã seguinte, objeto de comentário em todas as conversas.
Enquanto fumava o seu cigarrito que segurava com os dedos amarelecidos, o cigano (não interessa para a história o nome) foi ouvindo e reunindo os dados que poderiam favorecer a sua situação.
Foi até à porta do soto do sr. Eduardo e atalhou:
– Bom dia sr. Eduardo, então o que se passou?
– Bom dia nos dê Deus. Pois ainda não sabes? Roubaram-me tabaco! Por acaso não sabes quem foi?
– Eu num senhor!
– Vá lá, se sabes diz lá quem foi? Ou vou ter que chamar a Guarda para te levar para o Posto?
– Ele num senhor. Já disse que não vi nada. Mas sei quem viu!
– Ho homem, então quem foi?
– Eu já lhe disse que não vi, mas sei quem viu. Mas só lhe digo se me der 3 maços de tabaco.
– Bô, isso é muito, dou-te um e está feito!
– Ele num senhor, são 3 e não se fala mais nisso. E até pode chamar a Guarda. Num fui eu!
– Pronto, atalhou o sr. Eduardo, diz lá então, quem viu?
– Vá lá buscar o tabaco que eu digo.
– Toma lá e agora diz lá quem viu?
– Foi aquele que está ali sentado. Ele viu tudo!
Com o tabaco no bolso, foi caminhando lentamente perante a indignação do sr. Eduardo.
– Ora uma destas, fui roubado e até usou o Trindade Coelho como cúmplice!”.
“Mural” da história, não acredites em tudo que te dizem!
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