Já chegaram a Madrid, Carlos. Não há fumo sem fogo. Neste caso, mais uma vez, não há fogo sem mão criminosa. Existem evidências de várias ignições à mesma hora e em locais diferentes. Não se percebe onde andam as autoridades de investigação. Nenhum governante aparece, logo, nenhum jornalista os questiona sobre nada. Nas televisões apenas há lugar para presidentes impotentes de Câmara a pedir ajuda. Todos os dias a protecção civil garante que o combate funciona e bombeiros e populações dizem que não funciona. Nenhum comentário oficial ou relato da situação. De manhã à noite múltiplos jornalistas empunham microfones com estoicismo para papaguear a última cábula fornecida pela protecção civil: números de operacionais, números de viaturas, números de meios aéreos, números de áreas ardidas, estatísticas disto e daquilo. Números, números, números. Números infindáveis, números vazios, números inúteis. Não se passa disto. Declarações ou explicações de responsáveis políticos somam outro número: zero. O estado é de calamidade mas vai ficar tudo bem. Parece que no final se vai estudar tudo muito bem. Este país é um número. Que tristeza !