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Biden diz que pode adiar saída de tropas do Afeganistão até que último americano seja retirado
qui., 19 de agosto de 2021 12:20 PM·4 minuto de leitura
WASHINGTON — Dois dias depois de se dirigir à nação com uma mensagem sobre a retirada do Afeganistão que recebeu muitas críticas, o presidente americano Joe Biden reiterou que planeja retirar todos os militares americanos do Afeganistão do país até o dia 31 de agosto. No entanto, pressionado pelo entrevistador George Sthephanopoulos, da emissora ABC, o presidente admitiu que pode adiar os planos, caso haja cidadãos americanos que não tenham sido removidos:
— Se você for da força americana… Se ainda houver cidadãos americanos, nós vamos ficar para tirá-los todos de lá — disse Biden.
Segundo informou o Departamento de Defesa nesta quinta-feira, há hoje 5.200 militares americanos em Cabul. Grande parte deles foi enviada ao Afeganistão depois do último domingo, quando o Talibã tomou o poder, exclusivamente para a remoção dos americanos e outros estrangeiros do país.
Apesar da vitória militar dos talibãs e sua entrada em Cabul, as forças americanas continuam controlando o aeroporto internacional e o espaço aéreo da capital afegã. Antes do envio de reforços nesta semana, os EUA mantinham 2.500 soldados em solo afegão, e no início de julho haviam fechado sua última base aérea, a de Bagram, próxima a Cabul.
Na entrevista, que foi ao ar nesta quinta, Biden adotou um tom defensivo, justificando a forma como se deu a saída do país e ao mesmo tempo reconhecendo que “não havia como sair do Afeganistão sem caos”.
No mesmo trecho da entrevista em que admitiu adiar os planos, Biden se esquivou de responder se o compromisso é válido para os afegãos aliados dos Estados Unidos e os que trabalharam para as forças americanas e de outros países da Otan. Após ouvir do apresentador dizer que há 80 mil ex-colaboradores dos Estados Unidos em perigo no Afeganistão, o presidente o corrigiu, e disse que o governo trabalha com uma estimativa ”entre 50 mil e 65 mil pessoas no total, contando com suas famílias”.
Questionado se essas pessoas serão retiradas, o presidente respondeu de forma dúbia:
— O compromisso se aplica a todos que, de fato, podemos retirar e a todos que deveriam sair. E esse é o objetivo — disse Biden, sem especificar quem são esses. — É isso que estamos fazendo agora, é esse o caminho que estamos seguindo. E eu acho que vamos chegar lá.
Mas ele então disse:
— Se não o fizermos, determinaremos no momento [31 de agosto] quem falta.
A resposta sugere que, embora esteja disposto a retirar afegãos até o dia 31 de agosto, após esse prazo os aliados americanos podem vir a ser deixados para trás.
No início do dia, os dois principais líderes do Pentágono disse que o governo dos EUA se comprometeu a retirar os afegãos autorizados a entrar nos Estados Unidos, mas também não se comprometeu a estender a operação além do prazo de 31 de agosto, que Biden havia estabelecido no início deste ano para acabar com a missão dos militares no país.
— Pretendemos retirar aqueles que nos apoiam há anos e não vamos deixá-los para trás — disse o general Mark Milley, presidente da Junta de Chefes de Estado-Maior, a jornalistas. — E nós vamos retirar o maior número possível.
No mês passado, Biden mandou uma mensagem aos afegãos que arriscaram suas vidas para ajudar as tropas americanas, e disse haver “um lar para eles nos Estados Unidos, se assim escolherem”.
—Estaremos com vocês, assim como vocês estiveram conosco — afirmou então.
No entanto, sua decisão de não iniciar uma evacuação em massa de intérpretes afegãos, guias e seus parentes no início deste ano deixou milhares de pessoas no limbo, presas em um país agora controlado pelo Talibã após 20 anos de guerra.
Embora esteja sendo acusado de impedir que afegãos cheguem ao aeroporto internacional de Cabul para tentar fugir, o Talibã disse nesta quinta que está colaborando para garantir uma “passagem segura” tanto dos americanos e outros estrangeiros quanto dos cidadãos do Afeganistão.
A íntegra da entrevista com Biden foi ao ar na manhã desta quinta-feira, após trechos serem adiantados ontem à noite.
Biden disse que o Talibã está em meio a uma “crise existencial” sobre seu papel no cenário internacional, mas que ele não acredita que o grupo tenha mudado fundamentalmente seu rumo.
— Deixe-me colocar desta forma: acho que eles estão passando por uma espécie de crise existencial sobre se querem ser reconhecidos pela comunidade internacional como um governo legítimo — disse Biden. — Não tenho certeza se querem.

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