ESTE JUIZ É MESMO UM MÁRTIR…

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Maria Jose Vitorino shared a post.

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“Espero sinceramente que ele vença os seus processos em tribunal. Os juízes não podem ser criticados. Mesmo que não concordemos com aquilo que escrevem nos acórdãos, temos de aceitar que eles estão acima de qualquer crítica. Os juizes têm de poder expressar-se à vontade, sem medo da condenação social. Senão começam a julgar os seus casos em função de likes e da opinião pública. Eles não são humoristas e têm de estar acima disso. Se, da mesma forma que o Dr. Neto de Moura justifica casos de violência doméstica com adultério, aparecer algum juiz a atenuar as acções de um serial killer canibal alegando que é natural que um verdadeiro gourmand sinta curiosidade acerca do sabor da carne humana nós temos de aceitar sem criticar.” Se não fosse um caso tão sério, não valia a pena a arma do humor. E agora, senhor juiz, processe-me e ao Jovem Conservador de Direita. Vamos a isso.

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Jovem Conservador de Direita

4 hrs

O Dr. Neto de Moura é, de facto, o melhor exemplo de defesa do estado de direito que temos no nosso país. Depois das críticas injustas que lhe fizeram ele decidiu processar todos os humoristas, políticos e jornalistas que o criticaram. O Dr. Neto de Moura é um excelente juiz, porque tem consciência de classe e quer manter os seus colegas ocupados com processos inúteis que não vão a lado nenhum. É como aquelas pessoas que não levantam os tabuleiros do McDonald’s para forçar o McDonald’s a manter o emprego dos seus colaboradores. Ou as pessoas que vão ao Continente fazer as compras do mês e pedem factura com número de contribuinte separada para cada um dos itens. No fundo, são heróis da economia, porque criam necessidades e forçam o mercado a dar resposta a essas necessidades.

Depois de tantos debates, descobrimos finalmente descobrimos o limite da liberdade de expressão: o Dr. Neto de Moura. Se ele não tem a liberdade de escrever num acórdão que o adultério é uma atenuante para agredir uma mulher com uma moca com pregos, as pessoas também não devem usar a sua liberdade de expressão para o criticarem.

Espero sinceramente que todos os humoristas que ousaram gozar com o Dr. Neto de Moura sejam obrigados a indemnizá-lo ao ponto de ficarem na miséria. Eles deviam estar do lado do Dr. Neto de Moura porque ele é politicamente incorrecto e teve a coragem de escrever uma opinião impopular num acórdão. Um humorista que decida criticá-lo, só para o elogiarem pela sua bondade de ficar ao lado das vítimas da violência doméstica, deve ser processado. Estar ao lado das vítimas é a posição mais fácil. Difícil é defender os agressores.

Os humoristas deviam defender a liberdade de expressão do Dr. Neto de Moura até ao limite e nunca o criticarem. Se ele tem a coragem de ser politicamente incorrecto e justificar por escrito num documento do tribunal que uma mulher mereceu ser agredida com uma moca com pregos porque foi adúltera, os humoristas deviam aplaudir e elogiar a sua coragem. E não dizerem mal dele, só para serem bem vistos pelas feministas que lhes querem limitar a liberdade. O Dr. Neto de Moura está do lado dos humoristas no debate do politicamente correcto e, se ele decidisse lançar um especial de stand up sobre violência doméstica, eu comprava bilhete. Infelizmente, já não temos humoristas corajosos e que justifiquem violência doméstica em palco porque têm medo das críticas das redes sociais. É absurdo que tenha de vir um juiz ensiná-los a terem coragem.

Quem acusa o Dr. Neto de Moura de misoginia tem de ser processado. Ele é apenas um romântico que acredita em finais felizes e fica triste quando as mulheres traem os seus maridos. Ao ponto de aceitar que eles se vinguem com mocas com pregos. Isto é bonito. Costumamos olhar para os juizes como pessoas altivas e distantes e que julgam com distanciamento e objectividade os seus casos. O Dr. Neto de Moura olha para os seus casos como uma velhinha que vê telenovelas e grita com a televisão quando uma desavergonhada qualquer troca o seu namorado que é tão bom moço e trabalhador por um cafajeste de um drogado que bate na mãe.

Também sente esperança e acredita que, apesar de todas as contrariedades, o amor vence sempre. Foi por isso que decidiu dar uma segunda oportunidade e retirou a pulseira electrónica a um homem que errou e, num momento de fraqueza, acabou por rebentar os tímpanos da sua esposa ao murro. Ele sabe que o ser humano tem fraquezas, mas, tal como o Dr. Jesus, acredita na sua redenção, desde que a pessoa em questão não seja uma mulher. Todos temos os nossos limites. Nem todos podemos ser como o Dr. Jesus. O Dr. Jesus perdoou a Dra. Maria Madalena apesar dos seus pecados, o Dr. Neto de Moura é um mero mortal e não lhe podemos exigir que seja tão tolerante como o Dr. Jesus. O Dr. Neto de Moura cita a Bíblia, mas não chegou à parte da Bíblia em que Deus decidiu começar a amar os pecadores em vez de os apedrejar ou de lhes arrancar olhos por olhos. Chegou mais longe do que a maior parte das pessoas e isso é que interessa.

Espero sinceramente que ele vença os seus processos em tribunal. Os juízes não podem ser criticados. Mesmo que não concordemos com aquilo que escrevem nos acórdãos, temos de aceitar que eles estão acima de qualquer crítica. Os juizes têm de poder expressar-se à vontade, sem medo da condenação social. Senão começam a julgar os seus casos em função de likes e da opinião pública. Eles não são humoristas e têm de estar acima disso. Se, da mesma forma que o Dr. Neto de Moura justifica casos de violência doméstica com adultério, aparecer algum juiz a atenuar as acções de um serial killer canibal alegando que é natural que um verdadeiro gourmand sinta curiosidade acerca do sabor da carne humana nós temos de aceitar sem criticar.