ELEIÇÕES, AINDA É POSSÍVEL SONHAR TIMOR?

    • EU TB SONHO MAS NÃO TENHO GRANDES ESPERANÇAS..
      O QUE MUDOU DESDE ESTE POEMA DE 2012???
      112. eleições sem lições em timor (lomba da maia, julho 2012)
      díli, 23 setº 1973 cheguei hoje a timor português
      que marcará a minha vida para sempre
      sem o saber nunca mais nada será igual,
      o futuro começa hoje e aqui
      entrei no tempo da ditadura
      sairei na democracia adiada
      na bagagem trouxe sabores
      mil imagens e odores
      sonhos de pátria e amores
      divórcios e outras dores
      cheguei sem bandeiras nem causas
      parti rebelde revolucionário
      tinha uma voz e usei-a
      tinha pena e escrevi sem parar
      pari mais livros que filhos
      para bi-beres e mauberes
      48 anos de longo inverno da ditadura
      24 de luta independentista
      agora que a lois vai cheia
      e não se passa na seissal
      já maromác se apaziguou
      crescem os lafaek no areal
      perdida a riqueza do ai-tassi
      gorada a saga do café
      resta o ouro negro
      para encher bolsos corruptos
      sem matar a fome ao timor
      perdido nas montanhas
      sem luz, água ou telefone
      repetindo gestos seculares
      mascando sempre mascando
      o placebo de cal e harecan
      mas com direito a voto
      para escolher quem o vai explorar
      sob a capa diáfana da lei e ordem
      do cristianismo animista
      oprimido sim mas enfim livre.
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    • 2012 lágrimas por timor, até quando? (lomba da maia, julho 2012)
      confesso sem vergonha nem temor
      os olhos transbordaram hoje
      lágrimas em cascata como diques
      pior que a lois quando chove
      o coração bateu impiedoso por timor
      os olhos turvos a mente clara
      as mãos trémulas de impotência
      nas covas e nas valas comuns
      muitos se agitaram com a violência
      mais uma morte gratuita
      mais um casal de pais órfão
      mais um filho varado às balas
      sem razão nem justificação
      poucas vozes serenas se ouviram
      velhos ódios, vinganças acicatadas
      o povo dividido como em 1975
      sem alguém capaz de congregar o povo
      sem alguém capaz de governar para todos
      sem alguém acima de agendas pessoais
      sem alguém acima de partidos
      temos de superar agosto 75
      udt e fretilin, a invasão
      a indonésia e o genocídio
      amigo, família, irmão
      é urgente um passo em frente
      faça-se ou não justiça
      vamos congregar toda a gente
      é urgente alguém com visão
      um sonhador, um utópico
      um poeta como xanana já foi
      todos juntos em união
      alguém que ame timor
      mais do que as suas crenças
      mais do que a sua família
      mais do que as suas tenças
      ou memórias e homilias
      talvez mesmo uma mulher
      meiga e sensível
      olhar almendrado
      pele tisnada e volúvel
      capaz de amar
      impulsiva para acreditar
      talvez mesmo uma mulher
      liberta de injustiças passadas
      solta de ódios, vinganças
      e outras dores desusadas
      capaz de abdicar
      das armas e liderar