dois poemas de abril

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573. fados e sambas, 5 abr 2013

 

 

ser ilhéu é um fado triste

entoado como um samba alegre

cantigas ao desafio

cantorias desgarradas

 

os corpos e as palavras

pintam realidades inesperadas

todos ficam todos partem

em dia de são vapor

tão longe sempre perto

em calafonas e canadás

 

ser ilhéu é um fado triste

entoado como um samba alegre

manta remendada de nove cores

tapete voador da saudade

sementes da memória

nas paredes do tempo

rasgando o silêncio

mundos mágicos sem chave

 

e eu ilhéu de abril

filho de muitas ilhas

choro este fado

 

 

574. soletras autonomia, 14 abr 2013

 

 

 

ilhas de névoas e gaze

de novelões e conteiras

do verde e do azul

ó gente de basalto

quem canta a tua gesta?

 

terras de maroiços

cais de rola-pipas

mar imenso abraseado

lacerado por vulcões

 

ilhas de bardos e músicos

republicanos presidentes

poetas, pintores e artistas

anteros, nemésios e natálias

 

quem te liberta das grilhetas

do passado feudal

da escravatura da fé

do atavismo ancestral?

 

soletras autonomia

gaguejas liberdade

titubeias emancipação

com laivos de insubmissão

como a irmã galiza

cicias um 25 de abril

que tarda em chegar