DERROCADA NA RIBEIRINHA

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Sou muitas vezes convencido pelos acontecimentos de que os políticos, de uma forma geral, são insensíveis à beleza, que, com o tempo, se tornam impermeáveis ao encanto dos lugares e à importância das pequenas coisas, dos detalhes, da história e do legado do que nos rodeia e os devia, em absoluto, preocupar e ocupar. Bem sei que é injusto generalizar e que se tornou repetitivo colocar todos os políticos nessa categoria demagógica de “os políticos”, mas o problema é que as situações são tantas e tão recorrentes, de todos os partidos que, de uma forma geral, têm ocupado o poder que não se consegue não utilizar esse classificativo, hoje tão depreciativo, para classificar toda uma classe de responsáveis públicos pela desgraça que se assomou deste país, e destas ilhas por arrasto.
Este lugar aqui retratado nestas imagens, o velho Porto da Ribeirinha, é um dos mais belos e singulares lugares destas ilhas. Uma localização única, com uma história riquíssima, desde a pesca da baleia até aos nossos dias como zona balnear de excelência, mesmo apesar do seu abandono. Os problemas de erosão, ou de manutenção, são conhecidos há décadas, por várias gerações de políticos, de ambos os lados do espectro partidário, com décadas de promessas e de projectos, milhões de investimentos anunciados e o resultado foi este que aqui se vê. A sua destruição.
Como em muitos outros lugares dos Açores, despejam-se rios de dinheiro em coisas inúteis, em projectos horrendos de interesse duvidoso e sistematicamente negligencia-se o que é realmente relevante e significativo para a preservação de uma identidade e para a tão propalada sustentabilidade do arquipélago. É a praia do Monte Verde, o Ilhéu da Vila, a Piscina das Feteiras, o Lombo Gordo, a Amora e o Degredo… e tantos outros lugares como agora o Porto da Ribeirinha…
Talvez o que choque mais é a ditadura da falta de gosto.
As fotos são do Roberto Borges
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Paula Cabral

É verdade, Pedro. É triste constatar que os nossos mais elevados representantes deixaram de representar coisa nenhuma, porque fechados numa bolha “acima das nossas possibilidades”! Mas também é verdade que os poderes locais têm de se afirmar, porque a …

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