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Crónica 496 queremos mentiras novas 20.5.2023

Vivo em Portugal e não no reino da Alice no País das Maravilhas, embora, muitas vezes, não consiga distinguir um do outro. Várias vezes, noutras ocasiões penso que estou a reviver num país da “República das bananas”, termo cunhado pelo escritor americano William Sydney Porter, conhecido como O. Henry, no conto O Almirante, de 1904. Noutros dias penso que vivo num pesadelo e que vou acordar e libertar-me, mas quando abro os olhos lá estão os canais miserabilistas de TV do nosso descontentamento a alertar-me para esta realidade e aí tento refugiar-me na visão quântica de que a realidade não existe. Há momentos em que chego a pedir que seja verdade vivermos num mundo holográfico, tipo “Matrix”, em que somos apenas peças num jogo de computador.

Já não suporto mais mentiras velhas como as do Presidente da República, do Primeiro-Ministro, dos ministros todos, dos secretários de estado, dos adjuntos, dos assessores, dos chefes de gabinete, dos diretores a nível nacional, ou, ao nível arquipelágico do Presidente do GRA, dos Secretários, dos Diretores Regionais (mesmo aqueles que nunca tinham aparecido na RTP-A e nem sabíamos que existiam).

Já não suporto mais investigações e prisões preventivas de alegados corruptos, seja no futebol, seja na política, eterna novela que se desenrola ao longo de anos em que nunca os culpados o são, nem vão presos, ou têm penas suspensas, ou os crimes prescrevem e nunca ninguém é responsabilizado nem os contribuintes reembolsados dos milhões que lhes extorquiram.

Quanto mais leis o país tem, menos elas se aplicam, nem são verificadas, nem fiscalizadas, nem aplicadas pois há sempre mais “buracos” por onde os alegados culpados se escapam.

Vejo documentários nos confins do Canadá, de pessoas à pesca ou na caça, e sem vigilância nem polícias nem autoridades num raio de milhares de quilómetros recusam-se a pescar ou caçar mais do que o legalmente estipulado. Sem mentiras bacocas, ou chico-espertices saloias tipo José Sócrates.

Lembro-me dos meus anos na Austrália e dos multimilionários que conheci, cuja maioria foi presa e cumpriu pena, apesar de tentarem mudar a posse de bens para esposas e filhos, apesar de pagarem milhões aos melhores e mais caros advogados. Aqui são esses mesmos advogados que ou são deputados ou escreveram as leis.

Depois admiram-se com populismos como nos EUA, Brasil, Itália, Hungria, Polónia, e tantos outros países (e em breve em Portugal)

Por isso, meus amigos subscrevo o grafitti acima QUEREMOS MENTIRAS NOVAS.

Chrys Chrystello, Jornalista, Membro Honorário Vitalício nº 297713 [Australian Journalists’ Association – MEEA]

drchryschrystello@journalist.com,

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