Consumismo até consumir o Planeta

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Newsletter diária • 02 mai 2024

 

 

 

Consumismo até consumir o Planeta

 

 

Edição por Ana Maria Pimentel

Não é uma surpresa para a maioria, mesmo para quem tenta ignorar e desvalorizar a informação, mas hoje o “Happy Planet Index” (HPI), um documento da responsabilidade da organização alemã “Hot or Cool Institute”, traz dados que mostram que o consumo excessivo está a prejudicar o planeta e não está a ajudar as pessoas. Traduzindo, nem sequer a ideia de ajudar a economia e as populações pode ser usada neste caso. O relatório revela que níveis mais elevados de consumo não se traduzem em níveis mais elevados de bem-estar. E, de forma pouco surpreendente, destaca que se pode ter uma vida boa sem custos para o planeta.

Todas as semanas há estudos que provam que a emergência climática, ambiental – ou como quer que se lhe queira chamar – é real, e não uma ideia inventada por jovens ativistas. Tão real que se ações e mudanças estruturais não forem tomadas, as consequências começam a ser contabilizadas não em tamanho do buraco da camada do ozono, mas em mortes. Veja-se que só desde março, pelo menos 188 pessoas morreram em inundações no Quénia, de acordo com um novo relatório do ministério do Turismo local, divulgado hoje.

Além de estruturais, as medidas têm que ser transversais, tanto no que diz respeito aos setores ambientais, como às comunidades que afectam. Para que se possa evitar todas as agressões que são feitas ao planeta desde, a título de exemplo, as formas de agricultura intensiva nos países desenvolvidos, como, noutro exemplo, a caça furtiva nos países em vias de desenvolvimento. Ainda hoje a polícia moçambicana deteve dois homens na posse de 14 pontas de marfim, resultado de caça furtiva, que tentavam vender, na cidade da Beira, anunciou hoje o Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic).

Mas porque nem tudo são más notícias e porque, mesmo que não pareça, o mundo vai fazendo as suas evoluções podemos terminar esta newsletter numa nota mais positiva. O Presidente de Moçambique apontou hoje o objetivo de concluir até dezembro a eletrificação de todas as sedes de postos administrativos do país e assegurar que 10 milhões de moçambicanos tenham acesso a eletricidade pela primeira vez. Ainda sem sairmos do continente africano, também o governo de Cabo Verde anunciou hoje que o Banco Mundial aprovou um crédito adicional de 30 milhões de dólares para o projeto Turismo Resiliente e Desenvolvimento da Economia Azul, alargado de quatro para seis ilhas.

Já em Portugal também há notícias animadoras, a produção renovável abasteceu 90% do consumo de eletricidade nos primeiros quatro meses do ano, e 94,9% em abril, aproximando-se do histórico de 95,4% atingidos em maio de 1978, segundo dados da REN. E a quantidade de água armazenada na bacia hidrográfica do Barlavento algarvio subiu para 22,6% em abril, uma subida de quase três pontos percentuais relativamente ao mês de março, mas manteve-se como a que menos água tinha.

Pouco a pouco as coisas vão evoluindo, é um facto. Mas, contudo, já passámos a fase de se poder esperar que as coisas evoluam pouco a pouco.

*Com Lusa

 

 

 

 

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Uma ideia peregrina

 

 

 

Então, Nuno Melo, ministro da Defesa, mandou dizer que uma boa ideia seria fornecer as Forças Armadas com jovens delinquentes cuja pena seria então feita num ambiente que, subentende-se, os meteria na ordem. Continuar a ler

 

 

 

 

 

“Padre Felicidade”. O sacerdote que acabou suspenso, preso pela PIDE, casado e excomungado

 

 

 

O padre José da Felicidade Alves (1925‑1998) foi um dos protagonistas da oposição católica ao Estado Novo. Personalidade carismática e controversa, intelectual movido por uma incessante inquietação, foi prior dos Jerónimos, em Lisboa, entre 1956 e 1968. Acabou suspenso das funções sacerdotais devido à contestação que dirigiu à hierarquia da Igreja católica portuguesa e ao Estado Novo. A partir daí, tornou‑se mentor do movimento GEDOC, foi preso pela PIDE, casou‑se e foi excomungado, meteórica sequência que exponenciou o eco público do nome Felicidade Alves nos derradeiros anos da ditadura. Este livro, de Ana R. Gomes, segue o trajeto contestatário do padre Felicidade, acompanhando a cronologia do seu pensamento e ação até à adesão formal ao Partido Comunista Português em 1978, procurando cartografar o lugar do político e do religioso – universos que concorrem para a dualidade identitária do oposicionista praticante. O SAPO24 publica um excerto desta obra, nas livrarias a 2 de maio.

 

 

 

 

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