Views: 0
ARGUIR DE MÁ-FÉ
O ilustre advogado que formalizou uma queixa contra o Governo da Região Autónoma dos Açores junto da Provedora da Justiça é o mesmo que há pouco mais de mês e meio escreveu no «Açoriano Oriental» um artigo de opinião, pelo qual defendia veementemente o encerramento dos nossos aeroportos e invectivava a República para anuir nas reivindicações do Governo Regional.
Passamos a transcrever um excerto muito elucidativo :
[ “Apoio, sem reservas, todas as medidas tomadas pelo Governo Regional dos Açores para enfrentar a pandemia, diminuir o risco de propagação da doença e ganhar tempo, para dispormos todos de mais tempo nas fases posteriores do avanço do vírus. Porém, o Governo Regional deve tomar – de modo sereno e eficaz – um conjunto de outras medidas destinadas à protecção da saúde pública. É essencial que o Governo Regional, como accionista do grupo SATA, dê indicações para o cancelamento de todas as ligações aéreas com os EUA, Canadá e em todas as rotas com o exterior e imponha a proibição de visitas guiadas a locais turísticos, a actividade de rent-a-car, de autocarros e viaturas turísticas.
Perante a incompreensível intransigência do Governo da República em encerrar os aeroportos dos Açores a todas as ligações do exterior, reveladora de uma falta de solidariedade nacional e de sentido de Estado, é tempo do Governo Regional dar instruções à SATA, para que interrompa o serviço de handling nos aeroportos, impedindo, deste modo, a operação das aeronaves vindas do exterior da Região.]
AO, 18.03.2020
O que é que mudou entretanto? A passagem do estado de emergência para calamidade pública? O Continente – a fonte principal da entrada do vírus – já se encontra indemne ou minimamente seguro? Os Açores já têm condições financeiras e técnicas para aguentar um novo embate desse vírus agressivo?
E quando o governo regional pediu o encerramento dos aeroportos – que não foi acatado pela República, uma vez que era «inconstitucional» e era preciso garantir a «continuidade territorial»….segundo os constitucionalistas da praxe – porque é que o ilustre causídico, que agora está em bicos de pés, não veio defender o cumprimento da Constituição?
Mas, em suma, o que é que mudou, entretanto?
Interesses políticos, interesses mercantis, interesses de clientes gananciosos ?
@ Ryc