Avaliação dos professores – verdades duras, nuas e cruas, Aventar

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[José António Fundo*] Há, no meio educativo e das ciências da educação, muito conhecimento e trabalho sobre a avaliação educativa. Sobre a avaliação do processo de educar, da eficácia do trabalho r…

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Avaliação dos professores

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[José António Fundo*]

Há, no meio educativo e das ciências da educação, muito conhecimento e trabalho sobre a avaliação educativa. Sobre a avaliação do processo de educar, da eficácia do trabalho realizado mediante os objetivos. Há metodologia, princípios, práticas estudadas.
Agora perguntem-me porque é que a avaliação dos professores, promovida de modo populista pelos políticos, ignora todo este conhecimento que existe sobre o assunto?
Porque insiste avaliar os professores como se fossem funcionários de um call center?
É fácil responder. A avaliação em vigor visa três objetivos:
1- Reduzir custos com os professores ao mesmo tempo em que se lhes exige mais trabalho (sobretudo paralelo às suas funções).
2- Dividir os professores e colocá-los em competição para que percam o mais possível a noção de classe e sejam incapazes de estar unidos em qualquer tipo de reivindicação.
3- Colocar a população contra os professores, considerando-os preguiçosos e incompetentes, entendê-los como despesa excessiva e prejudicial do
estado.Não é eficaz a avaliação em vigor, porque não se centra na qualidade do trabalho docente ou da educação mas antes na estratificação dos professores, no acentuar do seu medo e subserviência a tarefas administrativas.

Não é possível implementar este tipo de avaliação. É um desperdício.
Por outro lado os professores ganham muito menos do que o que merece o seu trabalho. Os aumentos pelos anos de trabalho (progressão – que não é automática) não visam uma recompensa gratuita mas antes uma aproximação a uma remuneração justa do seu trabalho. Acontece porque a sociedade não tem meios para suportar a sua própria educação e utiliza o subfinanciamento do trabalho docente como modo de controlar custos. Dinheiro que é depois utilizado no financiamento da iniciativa empresarial privada. Pela forma de descontos nos impostos, subsídios e mão de obra barata.
Agora se preferirem continuar a passear a ignorância pelas mãos dos políticos, façam o favor. Mas não pretendam ser mais inteligentes ou mais sabedores do trabalho dos professores do que os próprios. Isso só vos envergonha.

*Professor e ilustrador