autonomia dos açores

Views: 0

No photo description available.
Com esta foto de José Ventura – Primeira Bandeira Autonómica dos Açores – em 1895, nunca é demais repetir o significado deste dia 2 de Março:
2 de Março! Autonomia! 122 anos!
Hoje, sim, devia ser o Dia da Autonomia! Que não se pode confundir com o Dia dos Açores. Porque os Açores estão acima de qualquer regime político que escolhemos ou que nos impõem.
Há precisamente 122 anos, naquele 2 de Março de 1895, foi assinado o Decreto que coroou a primeira campanha autonómica dos Açores, a que apenas não aderiu o distrito da Horta. A história está feita, nunca completa, mas suficiente para ser conhecida, ensinada e acima de tudo absorvida como factor de identidade açoriana nos tempos difíceis que vivemos.
Há cento e vinte e dois anos houve festa, entusiasmo, povo na rua e discursos entusiásticos quando chegou o Diário do Governo nº 50 onde constava o Decreto que instituía as Juntas Gerais com poderes próprios de administração regional. Hoje está montada uma gigantesca campanha para acabar com a Autonomia, tal como a conhecemos há 122 anos, com altos e baixos, mas com afirmação ímpar quando se tornou Constitucional em 1976.
Os Açores correm sério perigo de se desagregar como unidade política, porque há correntes de pensamento absolutamente divisionistas que, a pretexto da deslocação de eixos de influência e de poder, não medem o que pode acontecer no futuro, se vencer esta teoria que é capaz de ir até ao tempo das descobertas para construir sonhos de hegemonias e pergaminhos que deitam por terra a realidade vivida nestes últimos anos.
A verdade história não pode ser torneada nem burilada. A verdade sobre os Açores é que nunca nada nos foi dado. Tudo foi conquistado. Com muita luta, com muito esforço. Com garra que hoje não existe, essencialmente porque a política era encarada de forma bem diferente de hoje.
Escrevia Aristides Moreira da Mota em 1922, falando sobre as Juntas Gerais de então: “ O que sei é que das mãos de todos os novos homens que têm composto nesta ilha essas juntas e câmaras saiu um enorme aleijão. Um aleijão que repugna e amedronta. Está pois verificado que os novos homens não têm capacidade, ciência ou habilidade para modelarem a parte que lhes coube no Portugal novo. Sem que se nos meta em cabeça ressuscitar um Portugal velho, empenhemo-nos em que Portugal, velho ou novo, não seja deformado entre nós por tal arte e feitio que se torne um refugo de Olaria” (Correio dos Açores, 22 Setembro 1922).
A frase podia ser escrita hoje. Aos sonhadores da Autonomia, da unidade insular, da identidade dos Açores como Povo, marcado pelas diferenças insulares mas unido pela necessidade de progresso, sucederam-se os profissionais da política para quem a Autonomia é um modo de vida e não um instrumento de serviço. E daí que hoje tenhamos cada vez menos poder, na razão inversa da falange dos que vivem do poder e da luta pela sua eternização nos lugares onde estão.
A indiferença crescente entre muitos açorianos, traduzida, por exemplo, nos elevados índices de abstenção, superiores ao que se verifica no todo nacional, é disso um sinal claro, mas perigoso. É que quanto maior a indiferença, maior será a capacidade de manobra dos que vivem dentro do sistema. Quando a Autonomia deixa de ser um ideal, mesmo entendida com degrau para outras formas de afirmação, dificilmente teremos capacidade de exigir os meios suficientes para sairmos da cauda do País. E sabemos por experiência própria e histórica que de fora nunca nada nos virá.
Por isso mesmo, a melhor forma de honrar estes 122 anos de Autonomia, nos termos em que a conhecemos como tal, será barrar a onda de destruição da nossa identidade que está em marcha nos Açores.
Em honra dos nossos Maiores!
Santos Narciso
Like

Comment
Send