as maiores desigualdades nos açores

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Fosso entre ricos e pobres é maior nos Açores

Os Açores são a região do país onde o fosso entre ricos e pobres é maior, se a desigualdade for analisada pelo coeficiente de Gini, relativamente aos últimos dados conhecidos, de 2018.

A distância para a média do país é de quase 6 pontos percentuais.

Os números são do projecto “Portugal Desigual”, coordenado por Farinha Rodrigues, professor do ISEG em Lisboa, publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.

A seguir aos Açores estão a Madeira, a Área Metropolitana de Lisboa e o Algarve.

As menos desiguais são o centro e o Norte.

As desigualdades têm-se agravado na sociedade portuguesa nos últimos 40 anos e , segundo os dados citados pelo “Expresso”, os 10% mais ricos da população ficaram ainda mais ricos, viram o seu peso no rendimento nacional subir 5,3 pontos percentuais desde o princípio dos anos 80 do século passado, em contraste com os 50% de mais baixos rendimentos, ou seja, metade da população, que registou uma redução de 5,2 pontos percentuais no bolo total, de acordo com os dados citados pelo semanário, da World Inequality Database (WID), localizada na École d’Économie de Paris.

A WID é um projecto sobre as desigualdades à escala mundial liderado pelo conhecido economista Thomas Piketty, que dispõe de uma enorme massa de dados, incluindo sobre a distribuição de rendimento para Portugal até 2016.

“Durante o período da crise portuguesa tivemos, de facto, uma situação muito particular. O rendimento em todos os grupos desceu bastante, mas no caso dos 20% mais pobres desceu muito mais do que no resto”, afirma Carlos Farinha Rodrigues.

O académico sublinha que “o que marcou aquele período foi uma queda global dos rendimentos na ordem dos 14%, mas o rendimento dos de baixo caiu muito mais, entre 15% até 29%, nos mais pobres dos pobres”.

Estudo pedido pela Igreja açoriana coloca-nos nos piores indicadores

O estudo “Situação Social e Económica dos Açores (2001-2018)”, realizado por investigadores da Universidade dos Açores a pedido da Diocese de Angra, coloca o arquipélago na cauda do país na maioria dos indicadores analisados, revela o Diário Insular da ilha Terceira.

Um deles é o Rendimento Social de Inserção (RSI).

Os Açores, com 11,1% da população residente com 15 e mais anos abrangida por esta prestação mensal do regime não contributivo da Segurança Social, tinham, em 2018, mais do triplo da percentagem nacional, que se situava em 3,2%.

“Entre 2001 e 2018 observa-se uma descida generalizada do número de beneficiários em todos os territórios em análise. Contudo, os Açores foram a Região onde se registou a menos acentuada, com -0,5 pontos percentuais”, assinala o trabalho desenvolvido pelos sociólogos Fernando Diogo e Filipe Machado.

As percentagens mais altas de atribuição de RSI estavam em 2018 na ilha de São Miguel, quando o número de beneficiários tendia a descer na generalidade das outras ilhas.

Na Terceira, os concelhos de Angra do Heroísmo e da Praia da Vitória registaram descidas, sendo esta mais acentuada em Angra.

“Distribuindo os beneficiários do Rendimento Social de Inserção nos Açores em 2017, agora por grupos de idade e em relação ao total da população residente, verificamos que dois quintos (40%) estão concentrados na faixa de indivíduos em idade escolar (até aos 18 anos), seguindo-se o escalão etário 40 – 64 anos, com 26%”, avança o estudo.

A maior taxa de pobreza

Os investigadores também analisaram a taxa do risco de pobreza (proporção de pessoas com um rendimento que corresponde a 60% do rendimento nacional mediano por adulto equivalente).

Neste campo, o arquipélago revela ser “a região do país com a maior taxa de pobreza em 2017 (31,6%), com larga distância em relação às restantes regiões, principalmente às do Continente”.

“Comparativamente à média nacional (17,3%), a taxa açoriana representa quase o dobro da taxa de pobreza”, é assinalado.

As ilhas demonstram perda de população, como adiantam os investigadores: “Verifica-se uma evolução negativa da população residente na Região Autónoma dos Açores, com um decréscimo na ordem dos 1,3 pontos percentuais ao longo dos sete anos estudados (2011-2017)”.

Em termos positivos, é adiantado que o parque habitacional nos Açores está em bom estado de conservação em comparação com a média do país.

Outra boa nota vai para tendência de “enorme convergência” com os números do total do país em termos da taxa de actividade feminina na Região.

O PIB (Produto Interno Bruto) per capita afirmava-se em 2017 com uma “evolução francamente positiva, seguindo a tendência nacional, embora com um período de alguma estagnação entre os anos de 2008 e de 2012”.

Na Educação, existia “uma acentuada diminuição dos abandonos em todos os ciclos analisados”.

“Todavia, enquanto os 1.º, 2.º e 3.º ciclos apresentam no ano lectivo de 2016/17 um valor quase residual (até 0,2 pontos percentuais), os números do secundário ainda mantêm uma pequena expressão (2,8 pontos percentuais)”, frisam os investigadores.

“Os Açores são a região do país cuja população ativa apresenta o nível mais baixo de escolaridade em 2018. Esta constatação é visível através da leitura individualizada da distribuição da população ativa açoriana por cada nível de ensino: a população açoriana não só apresenta o maior peso de pessoas em idade ativa sem ensino (2,7%) ou com o ensino básico completo (56,9%), como o peso da população com o secundário e pós-secundário e com o ensino superior completos está muito abaixo da média do país, com uma diferença de menos 4,5 e 9,2 pontos percentuais, respectivamente”, alerta o trabalho encomendado pela Diocese e revelado pelo Diário Insular.

Igreja debate sociedade e pobreza

Os “Desafios Sócio Económicos de Hoje” são debatidos numa jornada formativa promovida pelo Instituto Católico de Cultura, que conta com o apoio do santuário do senhor Santo Cristo dos Milagres e da paróquia de São Sebastião, de Ponta Delgada.

De acordo com o portal Igreja Açores, a iniciativa realiza-se a 16 e 17 deste mês, no centro Pastoral Pio XII.

A jornada com início às 20h30 do dia 16 conta com Bagão Félix, economista, e Piedade Lalanda, Directora do Serviço Diocesano da Pastoral Social. A conversa será moderada por Maria do Céu Patrão Neves.

O evento é aberto ao público em geral.

No dia seguinte, realiza-se a conferência sobre “Economia Solidária” que será proferida por Bagão Félix.

O trabalho encomendado pela Diocese poderá ser um dos temas em cima da mesa.

Estas são as segundas jornadas formativas promovidas pelo Instituto Católico de Cultura. O tema explorado em 2019 foi o cristianismo na actualidade.

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Comments
  • Fernando Castro É, na verdade, difícil de entender! Com tanta autonomia, que eventualmente de pouco mais servirá a não ser o de manter a estrutura político-administrativa pesadissima, equivalente à de um Estado soberano, e que supostamente servirá para para acudir a um pouco mais de 200.000 almas.
  • Pedro Pereira Baixos rendimentos, impostos elevados, alto desemprego, alta dependência de prestações sociais, elevada taxa de desistência escolar e baixa escolaridade. Ninguém vê um padrão aqui?
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