Roubo esta fotografia a João Valentim, mas o que me preocupa é a notícia que a acompanha. Parece que há algas a dar à costa, nas praias algarvias. Ai, valha-me Deus! Algas!

A Câmara de Olhão discute com um instituto não sei de quê; quer-se a recolha urgente da alga; os banhistas acorrem aos hospitais e centros de saúde; há alarme fitosanitário; mobilizam-se esforços e equipamentos. O país transpira aflição

e angústia por cada poro.

Mas que geração de merda é esta a que chegámos, depois de tanta ASAE, tanto alerta vermelho, tanta liofilização, tanta galinha em bateria, tanta fruta normalizada, tanto fascismo higiénico, regras, pesos,medidas para tudo, facturas sorteadas e jotas de aviário promovidos a ministros de estado?

No meu tempo de moço, a cada Agosto, as praias enchiam- se de algas. Roficilávamos nelas, atacávamos- nos em mútua tacada, à falta de bolas de neve, chegávamos a cobrir o corpo com elas. Não me consta que alguém tivesse baixado às urgéncias, sequer à farmácia de esquina. Demos a geração que demos, é certo — mas estamos todos vivos, salvo um ou outro que morreu de coisa decente, como cancro, moca pesada, enfarte avulso, casualidade de guerra ou choque de frente. De algas, nenhum.

Agora, é o que se vê. Sobe a temperatura um grau, alerta laranja. Baixa dois graus, alerta azul. A mochila vai regulamentada,para não pesar às criancinhas que ao fim da tarde vão ao ginásio levantar ferro. Joga-se fora a comida que passou um dia o prazo de validade, enquanto há gente com fome a dormir debaixo de arcadas. Proíbe-se o fumo nas salas, mas desfloresta -se a nação a benefício do pato-bravo amamentado pela corrupção oficiosa. Pede-se aos professores que eduquem os jovens javardos que os pais não conseguem domar em casa; e os que acaso conseguissem, não o podem fazer, pois um tabefe é punido com cadeia dura por mau trato a menor.

Agora a alga deu à costa — e a civilização treme e embicha-se nas urgências. Se em vez de alga, fosse um comando de jiahdistas, estávamos feitos! O imbecil que superintende no Estado Islâmico diz que em 5 anos conquista Portugal. Só pode estar a brincar!

Com esta geração de débeis e pusilânimes, 6 meses bastam.

Algas! Onde isto chegou!…