AFEGANISTÃO – VOLTOU-SE O FEITIÇO CONTRA O FEITICEIRO

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AFEGANISTÃO – VOLTOU-SE O FEITIÇO CONTRA O FEITICEIRO
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“Quando a história for escrita, será dito que os talibãs, com a ajuda da América, derrotaram a União Soviética no Afeganistão e depois, com essa mesma ajuda, derrotaram a América no Afeganistão.”
O título é meu, o texto é de João Melo no DN
«A esmagadora maioria das manchetes e análises da imprensa mainstream ocidental sobre os atuais acontecimentos no Afeganistão é patética. Nas redes sociais, o desespero é aflitivo. Alguns lamentam a morte dos soldados dos Estados ocidentais cujos governos os mandaram para aquele país unicamente por causa da geopolítica. Outros, mais lunáticos, pedem uma intervenção militar internacional já. Precisam todos de ler o lúcido e certeiro texto de Miguel Esteves Cardoso – “Que grande derrota” – publicado ontem, 16, no Público.
Como diz MEC, a derrota ocidental era previsível, pois “quem vive na sua terra, por poucas armas que tenha, tem a arma mais poderosa de todas: o tempo”. Tal desfecho, acrescenta, pouco ou nada tem que ver com o facto de os ideais por que se batem aqueles que vivem na sua terra serem, eventualmente, “horrendos ou não, aos nossos olhos [ocidentais]; os nossos olhos não interessam nada nesse dia-a-dia, nesse terreno, nessa realidade só para nós difícil, só para nós incompreensível”.
De facto, e com toda a empatia com os mortos inocentes, em ambos os lados, uma pergunta se impõe: o que foram os Estados Unidos e os restantes países ocidentais fazer ao Afeganistão? Não respondam que foram combater o terrorismo islâmico, proteger a democracia e os direitos humanos e salvar as meninas de Cabul. Se esses argumentos fossem válidos, a maior potência mundial teria de intervir militarmente em muitos outros países, a começar, por exemplo, pela sua querida Arábia Saudita.
Será preciso lembrar que os talibãs foram apoiados pelos Estados Unidos a fim de expulsar os soviéticos do Afeganistão e pôr fim ao regime de inspiração marxista-leninista da época? A verdade – factualíssima e, portanto, irrefutável – é aquela descrita por Hamid Gul, um ex-chefe das secretas afegãs: “Quando a história for escrita, será dito que os talibãs, com a ajuda da América, derrotaram a União Soviética no Afeganistão e depois, com essa mesma ajuda, derrotaram a América no Afeganistão.”
Por falar no governo socialista do Afeganistão derrotado pelos talibãs, com apoio dos Estados Unidos, e nas “meninas de Cabul”, é bom lembrar também que foi nesse breve período que as mulheres afegãs tiveram acesso a direitos, como o de estudar e não só, que hoje todo o mundo brada aos céus estarem em risco, por causa do regresso dos fundamentalistas islâmicos locais ao poder.
Quanto a saber o que foram os EUA fazer o Afeganistão, a resposta é dada pelo mercenário norte-americano Sean McFate, com várias atuações em África, posteriormente doutorado e autor de um livro já famoso – As Novas Regras da Guerra -, na entrevista que o DN publicou no último sábado, 15: ninguém sabe ao certo; a única coisa clara, segundo ele, é que a intervenção americana no Afeganistão foi motivada pelos interesses do complexo industrial-militar dos EUA.
As palavras são dele: “Os EUA estão por fim a sair do Afeganistão, o que é muito controverso, não entre o povo americano, mas entre os membros da classe de DC. O general Petraeus disse que temos de ficar, George W. Bush disse que temos de ficar. Não dizem porquê. (…) Há algo destas empresas de biliões que querem vender armas…”
Para o autor de As Novas Regras da Guerra, “o complexo industrial-militar dos EUA é uma espécie de estado profundo, onde empresas como a Ratheon, a Boeing ou a Lockheed fazem pressão no Congresso para se comprar mais aviões de caça” (e outras farão pressão para vender outras armas e equipamentos).
McFate considera que o Afeganistão (tal como o Iraque) foi o maior equívoco estratégico norte-americano nos últimos 70 anos. Ele destrói com contundência o argumento de que a intervenção dos Estados Unidos no referido país se destinava a combater a Al-Qaeda: “A Al-Qaeda está em 20 países depois de a termos escorraçado do Afeganistão”, disse. Bem, ela acaba de voltar.
Em tempo: não consta que Sean McFate seja comunista.»
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  • António Polido Polido

    Pois, na realidade o que irá acontecer, é que; só quem saberá a realidade serão:
    Os não alienados, e a verdade ( sem redundâncias) esses têm denúnciado ao longo de décadas:…

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  • Teresa Frotta

    Facto. Mas houve e há mais qualquer coisa …
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  • Nelson Carvalho

    A sério. Farto do luxo dos europeus gordinhos e anafados no seu sofá, viciados na protecao do escudo americano, semore a duzerem mal dos… americanos. Se vao sao uns imperialistas. Se deixam sao uns irresponsaveis. E os franceses? Alemaes? Ingleses? E…

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  • José Oliveira

    Quem foi o presidente americano, atacou Iraque e Afeganistão???
    Esse mesmo que antes do 11 de Setembro as empresas dele( e não só) estavam na falência, e
    Depois da guerra, e do roubo do ouro no atentado às torres do kuwait, alguém ficou bem na vida as…

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  • Mauro Burlamaqui Sampaio

    Ora bem . Ao invés de deitar abaixo é preciso ajudar os afegãos com inteligência. Contra as doutrinas, e superior a elas, estão os homens e isso poucos saberão fazer. A América e a Rússia deram-lhes balas e bombas assim como outros «amigos». Os afegãos…

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  • Carlos Eufémia

    Muito bom texto.
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  • Vitor Manuel Marques

    Errado. Os talibã não são mujjahedins
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  • Jorge Ramos

    O texto é interessante, mas resumindo,neste como em outros conflitos do que se trata basicamente é de tráfico de armas,drogas,com prejuizo para o Povo destes países.
    Não vemos intervenções militares em nenhum Pais que não tenha nada a oferecer em termos de Lucro ilicito!
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    • 9 h
  • Pedro Damas

    A culpa tem um nome bem claro… é neste momento que me pergunto para que serve a Onu? Talvez para dar algumas reformas douradas aos políticos acabem com isso é já agora com a oms! Deixem de ser hipocritas salvem as pessoas e não as ideologias e deixem d…

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  • José Manuel Braz

    Não foram os talibãs que lutaram contra a União Soviética, esses foram os muijahedins comandados por Osama Bin Laden da al-qaeda, os talibãs foram formados e organizados pela União Soviética, no Paquistão a partir das madrassas e não só, depois da sua …

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