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VANDALISMO PARA OCUPACÃO DOS TEMPOS LIVRES
Caminhava por uma das escolas onde fiz a minha formacão quando fui interrompido por notícias do terceiro mundo. Sempre que o vandalismo se destaca no verde, quase sempre imaculado, das ilhas acorianas, é porque o terceiro mundo desabou num pedaco do paraíso.
Certo dia, num país da américa central que gosto muito, comprei um cacho de bananas a um senhor que as vendia à porta de casa. Descasquei a primeira e perguntei-lhe se tinha um caixote do lixo por perto. Ele disse que sim, pegou na casca e atirou-a para a rua, nem a 2 metros da porta de casa. Disse-me: “aqui, o lixo é a rua”.
Fiquei triste pelo homem. Vivia num sítio único mas desprezava-o. Um pouco como as pessoas que vivem em pequenos pedacos de céu, como o Arquipélago dos Acores, onde a natureza faz tudo por nós e, mesmo assim, insistem em sujar ou destruir os esforcos das autarquias.
Neste caso, o gosto de destruir apenas por destruir tem a raíz da desocupacão, do desinteresse, da falta de objectivos académicos, de uma camada de jovens que, pertencendo à escola, preferem desfigurá-la a utilizá-la para ganharem ferramentas para o futuro.
Os Acores são a região do país com maior abandono escolar. Há muito tempo. É uma realidade difícil, em autarquias pobres que, com pouco, fazem o possível para manter os espacos limpos, arranjados, motivo de orgulho para os seus moradores e, em simultâneo, garantem escola pública para todos.
A teoria está toda certa. A prática não. A lei obriga a escola a receber miúdos que não querem lá estar, até que se tornem adultos, mas que nunca farão absolutamente nada dentro daqueles muros, tão pouco assistir a uma aula. Quanto muito, conseguirão arrastar mais alguns para fora da escola e, de vez em quando, vão partindo qualquer coisa para passar o tempo.
Educamos para as estatísticas, parece-me. Conhecimento e uma ferramenta para a vida, que é o que a formacão de base nos devia dar, nem tanto. No caso deste arquipélago, ainda hoje, em 2022, 1 em cada 4 jovens adultos, não completa o secundário.
Não era altura de se fazer qualquer coisa sobre isso?
(Volto ao tema no artigo de Junho do jornal local, O Baluarte)
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