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Comunicação bilingue (crónica de rádio)
Um dia destes, um casal de turistas estrangeiros tentou perceber o que dizia uma mensagem em português colocada junto à máquina de pagamento do parque de estacionamento das Portas do Mar, em Ponta Delgada.
Preocupava-o, certamente, saber onde arrumar a viatura de aluguer durante as festas, para continuar a ter férias agradáveis e sem problemas.
Ao ver alguém aproximar-se perguntou o que queria dizer a mensagem. Satisfeita a natural curiosidade agradeceu gentilmente e foi à sua vida.
A situação pode parecer ridícula ou de pouca importância, mas não é.
Qualquer região turística ou que dá grande importância a essa atividade económica, deve preocupar-se também em comunicar com o visitante estrangeiro, pelo menos, em inglês – língua que tem mais de um bilião de falantes.
Qualquer serviço público ou privado, mesmo que faça um simples aviso num parque de estacionamento, não pode esquecer esta regra que respeita a diferença.
Não proceder assim é impedir que o turista se insira, facilmente, no destino que escolheu, e não desfrute do modo de vida e da cultura das pessoas que o rodeiam.
Na mesma ordem de ideias, outras entidades, nomeadamente religiosas, devem preocupar-se em disponibilizar aos turistas estrangeiros serviços religiosos em inglês, ou pelo menos, transmitir-lhes nessa língua uma síntese da homilia, já que os ritos são idênticos nos vários países de rito latino. A sugestão deveria ser seguida sobretudo nas igrejas próximas de unidades hoteleiras.
Por outro lado, a primeira geração da comunidade emigrante açoriana na América do norte está a desaparecer e, devido à inculturação, muitos descendentes já não falam a língua de seus avós. Resultado: há cada vez mais edições bilingues de livros escritos em português.
A crescente procura pelo destino Açores gerou alterações no mercado hoteleiro, na restauração e nos serviços conexos, bem como nos processos de atendimento e comunicação com os visitantes estrangeiros.
O experiencialismo na atividade turística é uma perda de tempo, porque existem regras consagradas que devem ser adotadas, quanto antes, quer pelos agentes turísticos quer por outros meios de comunicação social: rádio, Tv e jornais.
Receber bem é, antes de mais, saber comunicar e entender quais os interesses dos nossos visitantes e respeitar as suas diferenças culturais. Esse é um fator de bem-estar que qualquer visitante apreciará no nosso pequeno mundo insular e atlântico.
14 maio 2023
José Gabriel Ávila
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Paulo Casaca
Pertinente observação José Gabriel Ávila! Portugal tem aqui uma cultura muito fechada. Até no Iraque do Saddam Hussein as placas na autoestrada eram sempre bingues árabe-inglês.
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