a ver navios OSVALDO CABRAL

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Com mais uma crise política instalada, em cima de uma crise económica, não há país ou região que aguente tamanha irresponsabilidade.
Os Açores vão apanhar por tabela e muitas das expectativas que tínhamos para a inovação de sectores cruciais do nosso desenvolvimento estarão em perigo nos próximos tempos.
Só dois exemplos: os governos de Costa prometeram-nos construir o novo anel de cabo submarino, em substituição do actual, obsoleto e a necessitar urgentemente de intervenção.
Todos os especialistas vêm chamando a atenção para a urgência deste investimento, mas praticamente nada foi feito e o Orçamento de Estado, agora chumbado, era uma desilusão nesta matéria.
Rezemos para que o cabo submarino actual se aguente, porque o mais certo é sofrermos uma crise de comunicações, com prejuízo incalculável para a região e o país, que poderá ficar na história da maior irresponsabilidade da nossa democracia.
Já não bastava o vergonhoso atraso na implementação do 5G, a quinta geração de comunicações móveis, com um modelo de leilão nunca visto em toda a Europa, fazendo-nos os piores de todos, só a par da Lituânia.
Apenas estes dois países não têm acesso, ainda, à rede de alta velocidade, o que diz bem do nosso atraso e da inoperância política deste país para assumir a inovação e o conhecimento.
O Primeiro-Ministro deu um raspanete à GALP, sem consequências, e com culpas no cartório, para agora vir dar mais um, desta vez ao regulador ANACOM, e outra vez sem consequências, depois de ter assistido a toda esta pouca vergonha sem nunca intervir.
A irresponsabilidade dos políticos tem levado todos nós, contribuintes, a pagar cada vez mais caro os erros que suas excelências vão cometendo impunemente.
Andamos na cauda da Europa em quase tudo, só nos faltava a assumpção da incompetência política para resolver as coisas mais básicas deste país.
Depois vamos ter investimentos públicos todos atrasados, a começar pelo caso da SATA.
O OGE não tinha verbas para a SATA, mas é dele que dependia a autorização para o endividamento regional com vista à reestruturação da empresa.
É outro imbróglio a juntar aos atrasos que se vão verificar nas obras da inefável nova cadeia ou nas transferências de verbas prometidas há mais de um ano para a Universidade dos Açores.
Economicamente, as notícias não são boas para a governação regional, mas politicamente até são.
É que os partidos mais pequenos, que vinham a exercer pressão na coligação, vão ficar agora mais calmos, preparando-se para as eleições nacionais e à espera do que vai acontecer com os resultados.
Alguns deles, se concorrerem na região às eleições nacionais, provavelmente vão ter alguma surpresa, pelo que é aconselhável aguardar.
Uma coisa é certa: o que vem aí, não augura nada de bom.
(Osvaldo Cabral – Diário dos Açores de 31/10/2021)
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