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OPINIÃO, Judeus por VIRIATO SOROMENHO-MARQUES 21 março 2012
A “questão judaica” é hoje, na Europa, uma mera relíquia daquilo que foi durante séculos. Na verdade, poucos têm coragem de o dizer, mas embora a abominável “decisão final” (Endlösung), urdida pelo regime nazi para as minorias judaicas da Europa ocupada, tenha ficado por metade, tal foi suficiente para privar a Europa desse filão de resiliência, criatividade e inteligência que as minorias judaicas representaram na história das nações europeias. Os sobreviventes do extermínio, na sua maioria, estão hoje em Israel, ou são um dos motores da prosperidade dos EUA.
O ódio “popular” aos judeus é um dos fatores da decadência europeia. Não é preciso ser Antero de Quental para perceber que a decadência peninsular se inicia com a expulsão dos judeus, na altura em que a organização dos impérios marítimos de Portugal e Espanha mais precisaria do seu contributo. Basta olhar para a Alemanha de 2012. Com a mesma população que tinha ao tempo da República de Weimar, mas sem o impulso da sua vibrante comunidade judaica, exterminada ou exilada pelo Holocausto, a cultura alemã de hoje é, na comparação, pobre e sem brilho. Onde estão os filósofos, os escritores, os cientistas, os músicos, os cineastas, de ascendência judaica, que fizeram a grandeza universal da Alemanha até1933? Basta ler a biografia de George Steiner, Errata, para compreender os motivos que levaram Nietzsche a considerar os judeus como uma (malograda) vanguarda cosmopolita da unidade europeia, contra o perigo da autodestruição. As crianças judias assassinadas em França apenas nos recordam que, sob o verniz da tolerância europeia, jaz um virulento génio maligno pronto a despertar. A mediocridade não suporta a diferença e a singularidade de mérito que os judeus deixaram na nossa cultura comum. E que falta isso nos faz agora!
Conferência proferida pela autora no “6.º ENCONTRO CULTURAL SAM LEVY”, no dia 21 de Novembro de 2004
O Mais Antigo Vestígio Judaico na Península Ibérica
Graça Cravinho
(Bolseira de Doutoramento em Arqueologia e História da Antiguidade,na Universidade de Santiago de Compostela)
São bastante antigas as referências literárias à riqueza da Península Ibérica (em especial às da Andaluzia) que a ela atraíam povos longínquos. Dos seus metais preciosos nos falam crónicas de viajantes orientais. Às naves de Tarschisch se refere a Bíblia.
Mas, quando situar exactamente a vinda dos Judeus? Se eliminarmos a lenda que a faz remontar à época de Nabucodonosor, rei dos Caldeus (Séc. VI a.C.), teremos que, forçosamente, cingir-nos aos documentos escritos e aos vestígios materiais. De facto, já Lucien Febvre afimava: “A História faz-se com documentos escritos, sem dúvida. Quando os há. Mas pode fazer-se, deve-se a todo o custo tentar fazê-la sem documentos escritos, caso eles não existam. Com tudo o que o engenho do
historiador pode permitir-lhe utilizar (…). Com palavras, sinais, paisagens e telhas (…). Numa palavra, com tudo o que sendo do Homem, serve o Homem, significa a presença, a actividade, as preferências e as maneiras de ser do Homem”.
Ora, entre esses vestígios materiais que nos atestam a remota presença judaica no actual território português, há uma pequenina peça glíptica, encontrada nas ruínas da cidade romana de Ammaia (em pleno Alto-Alentejo, não longe de Marvão), datável do Séc. II d.C. Neste caso, o que nos permite “fazer História” é o seu estudo iconográfico e a técnica de gravação.
leia a conferência na íntegra em