Quero dizer que foi uma honra servir a Drª Cristina Fraga, e através dela os açorianos. Para sossego dos que já me estão a afacalhar pelas costas no Info, fiquem descansados que também eu sairei pelo meu pé, porque não me revejo no que vem por aí abaixo. Há gente mesmo miserável!

Devo dizer que há cerca de ano e meio, quando comecei a ver a engrenagem que estava aqui montada contra ela, liguei a um amigo meu que conhece o enredo todo desta terra como ninguém, mesmo o subterrâneo, e pedi-lhe a sua opinião sobre o que se estava a passar.

Ele foi claro, para mim algo chocante, mas muito direto: “Ela até pode ser a melhor administradora que o hospital já teve, até pode conseguir os melhores resultados de sempre para o HDES, pode mesmo ser a melhor do mundo, mas no fim ela será posta na rua; não sabes com quem te estás a meter, têm muito poder”.

Meio dito meio certo. Sai pelo seu pé, mas no meio de uma espécie de pesadelo (que eu sabia ser possível aqui na nossa terrinha, mas revelando contornos bem mais cruéis do que eu jamais pensara ser possível).

Ficam-me 2 compensações. Uma, a de ter de algum modo participado numa fase da Saúde açoriana absolutamente brilhante – os valores são indesmentíveis e passarão a ser a referência para os cuidados que a população legitimamente pode esperar, ou até exigir, do seu hospital. E ter sido testemunha por dentro do que acho ser um episódio absolutamente negro da nossa vivência de açorianos, que ainda será esmiuçado a seu tempo, mas que claramente revela uma componente muito negra destas ilhas.

Está-se bem. Quando era miúdo li “As Moscas”*, de Jean Paul Sartre, pelo que a imundice humana não me é estranha, nem o remorso e todos os seus efeitos. Pobre terra. O povo, esse, terá, como sempre, o que merece. É o que é.

Mais um que ousou, e isso é que importa! Cristina Fraga é uma Mulher com M grande, que tinha muitos sonhos para os açorianos no que à Saúde diz respeito – uma grande profissional e uma grande gestora, que não merecia o ninho de veneno onde se viu mergulhada. Devíamos defender açorianas deste gabarito, não assassinar os poucos exemplos que temos, mas é o que se vê. Conseguiram, parabéns. Agora, vão-se amanhando.