a instalação do medo

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May be an image of body of water and sky
42/02
A instalação do medo
Andei tão ocupado com os dois concertos de Natal dos UHF que fui obrigado a afastar-me do raciocínio que implica, para mim, escrever-vos.
Um dia perguntaram-me qual era o meu propósito de vida e eu respondi: comunicar. É o que resulta das canções, dos livros, dos artigos que escrevo e destas prosas para um auditório atento. Não é que saiba mais que outros, mas com a idade aprendi a separar o trigo do joio, sigo em paz mesmo no olho da tempestade. Ao invés, a comunicação social está prenhe de joio e silvas que arranham, como quando apanhava amoras na encosta que leva ao monumento a Cristo-Rei, onde nasci.
Mudar o mundo é um poço sem fundo, sintetizo, mas não significa que vá desistir das minhas tarefas.
É quase certo que uma imensa mancheia de portugueses se engasgue a soletrar o substantivo otorrinolaringologista (especialidade médica apropriada para quem respira vírus), mas há uns dias todos começámos a invocar ‘a variante omicron’, para variar e permanecermos avariados.
Foi dito pelos especialistas mais sensatos em comunicação que era menos perigosa, apesar de mais facilmente contagiante, mas as notícias surgiram carregadas de omicrons a preço de saldo. E é assim, na avalanche das ondas, que o medo se instala, caladinho no saco fundo da consciência.
Uma vez mais me repito, cuidem de vós e cuidem dos outros, não sou negacionista, mas não farei parte do rebanho que aceita sem aprofundar o que a voracidade das notícias (pedem audiências e estas resultam em lucros publicitários) nos metralha.
Usufruam da vida e a vida dará retribuição gratuita.
Foto da minha autoria: janela embaciada no hotel em Gaia, a 3 de Dezembro
Chrys Chrystello
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