A discussão sobre cultura nos Açores continua a fazer-se como uma selecção de assuntos gourmet para o carrinho de compras. A discussão sobre cultura nos Açores continua a ser como os preparativos de um jantar de gala. A discussão sobre cultura nos Açores continua a ser feita do Clube Micaelense para baixo.

A discussão sobre cultura nos Açores continua a fazer-se com medo. A discussão sobre cultura nos Açores continua a ser um derby entre clubes.

Há meia dúzia de clubes. De resto, estamos todos fora, somos todos, na melhor das hipóteses, figurantes. E isso diz muito dos problemas estruturais da vivência democrática – cultural – nos Açores.

Para o fundo de qualquer discussão futura sobre cultura, insular ou não, podíamos ter como ponto de partida, por exemplo, a história do jazz.

Quando se fala em espírito do homem, fala-se duma certa ideia livresca de homem – e eu duvido que ela more no Bairro dos Milagres. Eu duvido que esse homem tenha alguma vez visto a vida, esterilizado como está pelo mundo das ideias.

A discussão sobre a cultura nos Açores podia – talvez devesse – ser feita do ponto de vista do Sentado em Pé.