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A CADEIA “CHOCANTE”
Um grupo de deputados nacionais, que constitui a Subcomissão para a Reinserção Social e Assuntos Prisionais da Assembleia da República, veio esta semana a Ponta Delgada para visitar a cadeia da Boa Nova.
Depois da visita, a sua presidente comentou que o sentimento de todos os deputados era de “choque; as condições são chocantes”.
Os senhores deputados deviam saber que “chocados” andamos nós, açorianos, há mais de 15 anos, com a incompetência dos
políticos e dos governantes para resolverem o problema do estabelecimento prisional de Ponta Delgada.
As soluções milagrosas são propostas em todas as campanhas eleitorais, mas depois de empoleirados no parlamento de Lisboa,
esquecem-se completamente das promessas de campanha.
Alguns dos responsáveis por toda esta situação estavam naquele grupo que visitou a cadeia, que se deviam envergonhar por serem coniventes com a situação escandalosa que se vive ali dentro e que algumas instituições internacionais não tiveram dúvidas de se tratar de uma violação dos direitos humanos.
Os sucessivos governos em Lisboa têm-se revelado incapazes para solucionar as condições degradantes na cadeia de Ponta Delgada e os últimos dois governos de António Costa tiveram até a ousadia de se envolverem num negócio misterioso para a construção do novo edifício, num terreno sem condições, mas que dava garantias de adiar o processo para as calendas gregas.
O processo está envolto num grande monte de bagacina, onde se vai enterrar quase 3 milhões de euros só para retirar de lá o cascalheiro.
Entretanto, porque tudo foi mal conduzido (o mais provável intencionalmente) o processo está parado nos tribunais devido às trapalhadas habituais da governação central.
A cadeia de Ponta Delgada tornou-se num símbolo da incompetência dos poderes centrais e não admira que sirva, agora, como relíquia visitável para quem andou a dormir este tempo todo em Lisboa.
Esperemos que desta excursão dos senhores deputados surjam resultados na capital do Império.
Até lá vamos esperar.
Provavelmente sentados… no monte de bagacina.
Osvaldo Cabral
Editorial Diário dos Açores 30-10-2022

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