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Praia da Vitória, Açores, 29 mai 2019 (Lusa) — O município da Praia da Vitória assinou hoje um acordo com a Universidade dos Açores para “combater a desinformação” que diz existir sobre a contaminação de solos e aquíferos no concelho, decorrente da atividade militar na base das Lajes.
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Lajes: Município da Praia da Vitória recorre à Universidade dos Açores para combater “desinformação”
Praia da Vitória, Açores, 29 mai 2019 (Lusa) — O município da Praia da Vitória assinou hoje um acordo com a Universidade dos Açores para “combater a desinformação” que diz existir sobre a contaminação de solos e aquíferos no concelho, decorrente da atividade militar na base das Lajes.
“Vai dar mais tranquilidade e vai dar uma resposta efetiva, bastante clara, com todo o rigor técnico e científico sobre as matérias que a Praia da Vitória tem, neste momento, sobre a mesa e, com isto, combater toda a desinformação e todos os alarmismos”, afirmou o presidente do município, Tibério Dinis, na cerimónia de assinatura do acordo.
Em causa está a contaminação de solos e aquíferos na Praia da Vitória, na ilha Terceira, provocada pela Força Aérea norte-americana na base das Lajes, identificada em 2005 pelos próprios norte-americanos e confirmada, em 2009, pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), que monitoriza desde 2012 o processo de descontaminação.
O município da Praia da Vitória tem acusado várias personalidades e órgãos de comunicação social de transmitirem informação não fundamentada sobre esta matéria, alegando que isso poderá ter consequências na economia do concelho, nomeadamente no turismo.
Em setembro de 2018, a autarquia anunciou que iria avançar com um processo cível contra o investigador da Universidade dos Açores Félix Rodrigues, com doutoramento em Ciências do Ambiente, ramo poluição, que tem alertado para a contaminação dos solos na Terceira.
Segundo Tibério Dinis, com este acordo o município pretende ter uma “entidade independente, credível e de enorme prestígio a nível nacional e internacional como principal consultora” em todas as matérias relativas à pegada ambiental da base das Lajes.
“A verdade é que este assunto, pelo mediatismo que comporta, pelo facto de ter uma grande potência mundial associada, pelo facto de ter uma base militar associada, pelo facto de despertar em alguns alguma curiosidade, tem permitido profícuas declarações que, de alguma forma, não têm tido da componente técnica e científica o devido acolhimento”, frisou.
O reitor da Universidade dos Açores, João Luís Gaspar, adiantou, em declarações aos jornalistas, à margem da cerimónia, que o acordo não prevê a realização de novos estudos, alegando que os que existem foram feitos por “técnicos de reconhecida competência”.
“O que a universidade vem fazer é ajudar a câmara municipal a interpretar, de um modo integrado, toda a informação que é produzida — e ela é muito diversa — e ajudar fundamentalmente a câmara municipal a comunicar com fundamento técnico e científico aos cidadãos, não só do concelho, mas da ilha e dos Açores”, avançou.
Além da análise dos documentos produzidos e do aconselhamento da autarquia na divulgação dos resultados, a universidade vai “apresentar propostas para a avaliação e mitigação de eventuais riscos para a saúde pública” relacionados com a contaminação.
O trabalho será desenvolvido por uma equipa multidisciplinar, com investigadores do Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos e do Instituto de Investigação e Tecnologias Agrárias e do Ambiente, liderada pelo professor José Vergílio Cruz, estando já firmadas parcerias com outras “entidades nacionais e internacionais”.
Questionado sobre a desinformação que o município alega existir sobre a contaminação de solos e aquíferos, João Luís Gaspar disse que “tem havido muita discussão”, por vezes até “estéril”.