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- lágrimas por timor, até quando? (lomba da maia) 16 julho 2012
confesso sem vergonha nem temores
hoje os olhos transbordaram
lágrimas em cascata como diques
pior que a lois quando chove
o coração bateu impiedoso
os olhos turvos a mente clara
as mãos trémulas de impotência
nas covas e nas valas comuns
muitos se agitaram com a morte gratuita
mais um casal de pais órfão
mais um filho varado às balas
sem razões nem justificações
poucas vozes serenas se ouviram
velhos ódios, vinganças acicatadas
o povo dividido como em 1975
sem alguém capaz de congregar o povo
sem alguém capaz de governar para todos
sem alguém acima de agendas pessoais
sem alguém acima de partidos
temos de ultrapassar agosto 75
udt e fretilin, a invasão
a indonésia e o genocídio
faça-se ou não justiça
é urgente um passo em frente
é urgente alguém com visão
um sonhador, um utópico
um poeta como xanana já foi
alguém que ame timor
mais do que as suas crenças
mais do que a sua família
maos do que as suas memórias
talvez mesmo uma mulher
sensível e meiga
olhar almendrado
pele tisnada
capaz de amar
impulsiva para acreditar
talvez mesmo uma mulher
liberta de injustiças passadas
solta de ódios, vinganças e outras dores
capaz de depor as armas todas e liderar.
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