Cristiano Ronaldo e FPF, o porquê de uma titularidade inexplicável.

Views: 12

Suggested for you
Grande reportagem: Dossier Cristiano Ronaldo e FPF, o porquê de uma titularidade inexplicável.
Se já no último mundial muitas vozes se levantaram em relação à titularidade de Cristiano Ronaldo na selecção, no europeu deste ano é quase unânime entre os especialistas da modalidade que Ronaldo funcionaria muito melhor como suplente de luxo, já que não demonstra capacidade para estar ao mais alto nível durante 90 minutos.
Por isso surge naturalmente a pergunta, porque razão insiste o seleccionador nacional em manter como titular um jogador que aos 39 anos naturalmente não tem o mesmo vigor e discernimento?
Talvez a resposta esteja no seio da direcção da própria federação portuguesa de futebol, estamos pois perante questões que fogem a uma lógica meramente desportiva.
Cristiano é um fenómeno de popularidade sem precedentes. Se há quem ponha em dúvida o desempenho do futebolista, de 39 anos e afirme que “tem que pendurar as chuteiras,” as redes sociais refletem o oposto.
Estamos pois realmente perante um caso onde o irracional supera claramente a mais elementar racionalidade futebolística.
Dia após dia o número de admiradores cresce. No dia 04 de julho de 2024, o filho da dona Dolores somava 633 milhões de seguidores na rede social Instagram.
Para que se perceba, este é um número superior à população de qualquer país – exceto China e Índia. Se a esta conta somar os admiradores que o seguem em outras redes sociais – You Tube, Facebook, Linkedin e X – o algarismo do total supera mais de 920 milhões, ou seja, quase mil milhões de seguidores!
O capitão da seleção portuguesa é o jogador com mais seguidores no Euro 2024 e no mundo. Segundo o estudo do Football Benchmark, antes do pontapé de saída na competição, o segundo jogador com mais seguidores no Europeu era Kylian Mbappé, da seleção francesa e fã declarado do português, com menos de um terço deste número, cerca de 149 milhões em todas as redes sociais.
Apenas como comparação, Messi tem 503 milhões de seguidores, já Neymar tem 222 mi.
Cristiano Ronaldo é pois a figura mais influente do futebol mundial independentemente da sua forma actual, e a sua presença na seleção portuguesa tem um impacto significativo nas receitas da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) em várias vertentes:
1. Patrocínios:
– A presença de Ronaldo aumenta consideravelmente o valor dos patrocínios. Empresas estão dispostas a pagar mais para serem associadas à seleção que conta com uma estrela mundial. Por exemplo, a Nike, patrocinadora da seleção, beneficia enormemente da sua associação com Ronaldo.
2. Transmissão e Direitos de TV:
– Jogos em que Ronaldo participa atraem maiores audiências globais, aumentando o valor dos contratos de direitos de transmissão. A UEFA e outras competições sabem do valor que Ronaldo traz, o que se reflete nos acordos financeiros com a FPF
3. Venda de Bilhetes:
– Os jogos da selecção com Ronaldo em campo atraem mais público, tanto em casa como fora. Isso aumenta a receita de bilhetes, já que fãs de todo o mundo querem ver Ronaldo jogar ao vivo.
4. Merchandising:
– A venda de camisolas e outros produtos relacionados à seleção aumenta substancialmente com Ronaldo. Produtos com o nome e número de Ronaldo são particularmente populares, gerando receitas significativas para a FPF.
5. Acordos Comerciais e Promoções:
– A presença de Ronaldo facilita acordos comerciais lucrativos e promoções que beneficiam a FPF diretamente. A notoriedade global de Ronaldo abre portas para parcerias com marcas de renome mundial.
A soma exata das receitas adicionais que a FPF obtém diretamente devido a Cristiano Ronaldo é difícil de determinar sem acesso aos detalhes financeiros internos da federação. No entanto, estima-se que a presença de Ronaldo possa agregar dezenas de milhões de euros por ano à FPF, considerando todas essas fontes de receita combinadas.
No entanto, só para termos uma ideia concreta do quanto pode valer CR7 apenas no item das camisolas, aquando a última transferência de Ronaldo para Manchester mal foi finalizado o acordo com a Juventus, em apenas 72 horas foram adquiridas cerca de 95 mil camisolas com o número e o nome do craque português, as quais renderam ao Manchester cerca de oito milhões de euros.
Isso significou que Ronaldo pagou metade do valor que o clube inglês pagou à Juventus (15 milhões no imediato) pela transferência do jogador, em apenas 72 horas e apenas com a venda de camisolas.
Na sua última transferência para o Al-Nassr da Arábia Saudita, em pouco mais de um mês CR7 vendeu 2,5 milhões de camisolas, num total de mais de 230 milhões de euros (quase metade do valor do contrato que assinou até 2025).
A FPF não revela publicamente quantas camisolas já vendeu de CR7 (tal como não revela quanto paga a cada jogador da seleção, atitude muito criticada pela Frente Cívica, que diz que sendo a FPF uma instituição de utilidade pública, não pode ser opaca em relação às suas contas).
Portugal terminou a sua campanha neste Europeu caindo frente à França no desempate das grandes penalidades, naquela que foi sem dúvida a sua melhor prestação na competição.
No entanto mais uma vez ficou no ar a perplexidade da utilização de CR7 durante 120 minutos, num jogo onde qualquer pormenor poderia ter feito a diferença. A imprensa nacional e internacional é unânime e dizem num tom mais ou menos duro:
“Qual a verdadeira razão da titularidade indiscutível de Ronaldo?”
De facto do lado francês o seleccionador não hesitou nas substituições. Nomes como Griezmann foram substituídos quando o treinador assim o entendeu (podemos mesmo afirmar que o próprio Mbappé que saiu por causa da lesão no nariz, caso fosse jogador da FPF seria obrigado a ficar mais um bocadinho, afinal depois de Ronaldo é o que tem mais seguidores nas redes sociais).
Não terminou assim a perturbadora dúvida: a FPF mais uma vez encarou uma grande competição tendo como objectivo o êxito financeiro em detrimento do êxito desportivo?
Até agora nem uma palavra de Fernando Gomes, o presidente da FPF, nem tão pouco de Cristiano Ronaldo, o capitão da selecção. Já o seleccionador é totalmente omisso em relação ao “elefante no meio da sala”, torneando constantemente uma questão que é iminentemente técnica.
Como se sentirão os outros jogadores da selecção perante este critério incompreensível?
Qual seria a atitude dos patrocinadores da selecção se soubessem que CR7 perderia definitivamente a sua titularidade?
A FPF como instituição de utilidade pública, está ao serviço dos superiores interesses do prestígio desportivo do país ou dos seus patrocinadores privados?
Este último campeonato europeu deixa no ar mais uma vez uma série de questões que merecem resposta, mesmo que a resposta pertença ao mundo aparentemente irracional do futebol português.
May be an image of 2 people, people playing football, people playing soccer and text
808
740
Like

Comment
Share