38º colóquio da lusofonia de 4 a 8 outubro 2023

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38º colóquio da lusofonia de 4 a 8 outubro 2023

Relatório final do 38º colóquio da lusofonia de 4 a 8 outubro 2023

 

Com o alto patrocínio da CM da Ribeira Grande, organização AICL, Mecenato da EDA Renováveis e apoio da Direção Regional das Comunidades, o Arquipélago, Centro de Artes Contemporâneas da Ribeira Grande recebeu o 38º colóquio da lusofonia.

A comitiva oficial ficou alojada no Hotel Verde Mar. Uma nota para o Hotel e seu pessoal, cuja cortesia e profissionalismo foram salientadas pelos que lá ficaram hospedados, além de se tratar de um hotel muito bem equipado nas suas múltiplas valências.

As refeições foram no Restaurante O Esgalha (bufete ao almoço e menu ao jantar com 3 hipóteses de peixe e 4 de carne) bem servido de comida e bebida.

 

Como é norma o horário foi cumprido escrupulosamente, ao longo dos quatro dias, com a colaboração dos 45 inscritos e demais assistência e dos 32 oradores quer presenciais quer os que participaram por teleconferência.

A assistência sempre com mais de duas dezenas de pessoas, em vários momentos teve a sala cheia, com uma primorosa assistência técnica de 5 funcionários do CAC, Arquipélago liderados por Marco D S Machado e Dalila Couto. A logística de transportes do aeroporto para o Hotel e do Arquipélago e Hotel para o restaurante e regresso esteve a cargo dos motoristas Mário Jorge e José Mário, que foram inexcedíveis diariamente nas várias movimentações.

 

O orçamento era de sete mil euros para todo o evento que foi notavelmente cumprido para tanta gente envolvida e tanta deslocação de fora da ilha, sendo coberto em 5500€ pela autarquia (que pagou antecipadamente metade do acordado), 750.00€ de mecenato da EDA renováveis, 315€ para deslocação do Canadá pela D R Comunidades, e o resto da AICL,

 

Lamenta-se a ausência de toda a comunicação social na sessão de abertura. A RTP-Açores surgiria na sessão da tarde, a lusa escusou-se a mandar alguém ao contrário de anos anteriores em que normalmente divulgava a nível nacional o nosso colóquio. A Rádio Atlântida fizera uma reportagem dia 3 bem como o programa AÇORES HOJE da RTP-Açores dia 2 outubro. Outros jornais, como vem sendo costume, ignoraram o evento, que recorde-se existe há 21 anos sendo apenas superado em continuidade e longevidade pelo CORRENTES D’ESCRITA na Póvoa de Varzim. Claro que a comunicação social tinha assuntos mais importantes a revelar como a cor do fato do senhor Goucha no casamento real…, os palpites para os jogos de futebol no fim de semana, a empresa que fez bordados para o alegado casamento real e mais ainda, infanta Maria Francisca fala sobre o pedido de casamento, depois outros noticiavam o menu real, a magnânima abertura ao público com festa popular no casamento real, em plena celebração dos 113 anos da data de 5 outubro de 1910 e da república laica

 

Na sessão de abertura dia 5 começámos com um vídeo da ilha de São Miguel em 1960, e de seguida, assistiu-se a dois vídeos promocionais da Ribeira Grande (este e outros serão posteriormente disponibilizados aos 45 participantes), seguidos de um vídeo celebrando em imagens 20 anos de colóquios da Lusofonia e o Hino da Lusofonia da autoria de Isabel Rei, Concha Rousia e Vasco Pereira da Costa.

Tivemos depois alocuções do Presidente da AICL, do Diretor do Arquipélago, Dr João Mourão, do líder parlamentar do PSD Dr Bruto da Costa em representação da ALRA, do Dr José Andrade, Diretor Regional das Comunidades em representação do Sr. Presidente do Governo Regional e, por fim, o Presidente da Autarquia Dr Alexandre Gaudêncio, com a presença da maioria dos inscritos entre os quais os patronos Mestre Eduíno de Jesus, decano dos escritores açorianos, Professor Onésimo T de Almeida, Urbano Bettencourt e José Carlos Teixeira.

No primeiro intervalo visualizou-se o vídeo Açores 1938, seguido de uma sessão de poesia de autor por Aníbal Pires. Após esse momento tivemos a primeira sessão dedicada à Diáspora, moderada por Aníbal Pires, com a presença de José Carlos Teixeira e José Andrade (e a ausência do Chefe de gabinete do Parlamento do Canadá, Joseph Soares, única ausência dos 45 inscritos).

Na sessão da tarde Diana Zimbron moderou Alda Batista do Tribunal de Contas Europeu e o cabo-verdiano da Universidade Nova de Lisboa, Hilarino da Luz (em teleconferência desde Sevilha). Seguiu-se uma vídeo montagem de fotos dos Açores antigos a partir de 1900, antes do Grupo Palavras Sentidas da Universidade Sénior declamar com grande mestria poesia vária do volume Crónica do Quotidiano Inútil de Chrys Chrystello, 50 anos de vida literária, a que seguiu um curto recital de piano da nossa maestrina e pianista residente Ana Paula Andrade… Novo intervalo com o vídeo Açores, as mais belas ilhas, e a intervenção por videoconferência de Nelson Ponta Garça a apresentar o seu documentário The Portuguese in Hawaii. No final uma descendente desses açorianos que emigraram para o Havai deu a conhecer em breves palavras o seu contributo.

 

Dia 6 logo de manhã cedo o artista plástico Rui Barata Paiva tinha uma oficina de trabalho (workshop) de pintura a aguarela com 9 alunos da Escola Secundária da Ribeira Grande que se prolongaria por toda a manhã e não na hora e meia prevista. Nessa manhã, na mesma escola, estavam os autores Aníbal Pires, Diogo Ourique, Jorge Arrimar, Nuno Costa Santos e Vasco Medeiros Rosa além de Onésimo T Almeida. Simultaneamente haviam-se deslocado à EBI da Maia Anabela Brito de Freitas (Mimoso), Chrys Chrystello, Diana Zimbron, Francisco Madruga, Helena Chrystello e Natividade Ribeiro para uma sessão com professores e alunos.

De tarde, apenas 8 pessoas compareceram ao desafio da visita cultural, pelo que se decidiu reduzir a emissão de CO2 e mandar embora a viatura de 32 lugares dos Bombeiros e usar uma carrinha de 9 lugares, quando o motorista José Mário nos conduziu à Fábrica de Licores Mulher de Capote, antiga estrada regional da Coroa da Mata, Chá Gorreana e Chá de Porto Formoso (com paragem e degustação de chá), Terrace Bar dos Moinhos de Porto Formoso e Caldeiras da Ribeira Grande por entre a chuva inclemente que nos impediu de tirar melhor aproveitamento fotográfico do passeio.

 

Dia 7 Francisco Madruga moderava Anabela Freitas (“Teófilo Braga e a literatura popular”), Álamo Oliveira (“Para um retrato do intelectual João Afonso”) e em videoconferência José Rebêlo sobre o seu avô, pintor Domingos Rebêlo.

No intervalo o vídeo São Miguel antigo.

A derradeira sessão dessa manhã era dedicada num painel a Macau tendo começado com Rui Paiva (“ Lusofonias: África, Europa e Ásia nas artes e na escrita”, Raul Gaião (“ lingu di Macau, o patuá”) e Jorge Arrimar apresentava “Calçadas Verdades” de Natividade Ribeiro.

Num curto intervalo musical Ana Paula Andrade e uma aluna do Conservatório de Ponta Delgada interpretaram temas do cancioneiro Açoriano, seguindo-se pela primeira vez uma curta demonstração de duas peças em patuá pelo Grupo Doci Papiaçám di Macau, terminando com Raul Gaião a declamar um poema em crioulo macaense.

A sessão da tarde iniciou-se com uma sessão dedicada a homenagear o editor e livreiro Francisco F. Madruga, tendo-se visionado um curto vídeo da sua terra natal (Mogadouro), outro do seu percurso nos colóquios após 2009 e capas de algumas das suas obras que publicou de autores açorianos, terminando com uma bem merecida elegia proferida por Vasco Pereira da Costa que se congratulou por ter apadrinhado o nascimento do Arquipélago, Centro de Artes Contemporâneas e fez uma digressão pela atividade de Madruga e a sua amizade. Ao homenageado, a AICL entregou uma placa alusiva à Homenagem.

Seguia-se uma sessão de apresentações literárias moderada por Urbano Bettencourt em que Aníbal Pires apresentou a “Nova Antologia de Autores Açorianos” e Maria João Ruivo apresentou a novel obra “9 poemas, 9 línguas” de Helena Chrystello com a presença do editor de ambas as obras, Ernesto Rezendes.

Logo de seguida, Chrys Chrystello fez a apresentação em vídeo da Génese de Crónica do Quotidiano Inútil, 50 anos de vida literária, com a declamação de alguns poemas e algumas versões do seu mais conhecido poema “Maria Nobody” musicado por Ana Paula Andrade e também por Pedro Teixeira noutro registo diferente. Anabela Freitas (Mimoso) e Diana Zimbron fizeram a exegese das obras CHRÓNICAÇORES (volume 5 “Liames e epifanias autobiográficas 1949-2005” e volume 6 “Alumbramento, crónica do éden, 2005-2021”).

Na pausa seguinte visionou-se “Moinhos de Porto Formoso (2005-2018) ”. A última sessão do dia, toda por teleconferência era moderada por José Andrade e contava com a participação de José Luís Jácome, um bem-sucedido empresário radicado em Montreal no Canadá a narrar e descrever com imagens da época, a sua experiência pessoal de seis décadas, Eduardo Bettencourt Pinto na Colúmbia Britânica fez um digresso por Ernest Hemingway e outros, finalizando Susana L M Antunes da Universidade de Wisconsin, Milwaukee que fez uma análise bem interessante da obra “Um punhado de areia nas mãos” da Maria João Ruivo.

 

No derradeiro dia de comunicações Francisco Madruga moderou Mário Moura que falou dos “Primórdios da imprensa no Concelho”, seguido da jornalista da RTP, Vera Santos a debater “A voz da alma ou rutura do real”, Conceição Mendonça a apresentar o livro “Que lenço cobriria a dor?” de Natividade Ribeiro, e, finalmente Jorge Arrimar “Angola e Açores na memória e na escrita”.

Na pausa visionou-se Maia, S. Brás e Gorreana 2005-2022.

A última sessão da manhã, com sala cheia era moderada por Onésimo T de Almeida, começando com a poesia de Álamo Oliveira dita pelo próprio e pelo Grupo Palavras Sentidas (desta vez com 5 pessoas) percorrendo o livro “Versos de todas as luas”, a que se seguiu Chrys Chrystello apresentando o seu velho amigo de Macau há mais de 40 anos, Rui Barata Paiva, e terminando com o Dr João Mendes Coelho a apresentar o livro “Cuéle, o pássaro troçador” de Jorge Arrimar.

Da parte da tarde Urbano Bettencourt moderou a Homenagem no Feminino, a Carolina Cordeiro (apresentada por Miguel Lopes), Helena Chrystello (apresentada por Aníbal Pires) e Maria João Ruivo (apresentada por Onésimo T Almeida). Foi-lhes ofertada uma pequena lembrança como homenageadas do ano.

Seguiu-se o vídeo Lagoa do Fogo e Caldeira Velha, antes de se dar início a um painel especial com humor sob o tema “Escritoterapia, lamentação de três guionistas sobre as condições da indústria” em que se falou e amplamente debateu a inteligência artificial entre outros problemas.

A sessão final moderada por Álamo Oliveira juntava Vasco Medeiros Rosa “É preciso romper o amanhã. Madalena Férin revisitada” com declamação por Helena Barros da autarquia de Vila do Porto, e terminava com Urbano Bettencourt “A moldura histórica de A Escrava Açoriana de Pedro Almeida Maia”.

Resumidamente este colóquio foi um sucesso que se ficou a dever à variedade de temas e de oradores, debates bem participativos, terminando com mais de 30 pessoas na audiência na sessão final, o que é notável, sempre com a sala bem composta de gente que ia variando ao longo das sessões, com participação local de pessoas não-inscritas como foi o caso de representantes da EBI Maia e da Escola Secundária da Ribeira Grande.

 

Com os melhores cumprimentos