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« (…) Não é o estado de degradação do equipamento e armamento, veículos e navios, quartéis e outras instalações militares que é o mais grave nesta história. É a indisciplina revelada pelos marinheiros que se recusaram a sair num navio que estava em más condições. A insubordinação é uma das violações mais graves do ethos militar e, como tal, deve ser punida, e por muito que os marinheiros possam ter razão sobre o estado do navio, deviam cumprir ordens mesmo com o risco inerente.
Mas, mais grave do que isto é ver o almirante Gouveia e Melo chamar as televisões para mostrar a sua reprimenda aos marinheiros insubordinados, algo que, que eu saiba, é inédito num comandante militar ainda por cima num caso grave de indisciplina. Uma matéria que exigia a maior das discrições e que é suposto os militares não tratarem em público. Logo de seguida, o almirante fez ainda mais estragos na sua reputação e na da arma que dirige: afirmou que o que acontecera tinha como objectivo prejudicar as suas expectativas presidenciais, traduzidas nas sondagens, e que tal tinha a ver com a organização do PCP nas Forças Armadas. Exactamente o que nunca deveria ter dito, porque se coloca no mesmo plano dos insubordinados, eles actuando às ordens de um partido político, ele às ordens da sua ambição pessoal. (…)»
[José Pacheco Pereira, “Públco”, 18/03/2021]
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PUBLICO.PT
Ambição sem princípios
O almirante Gouveia e Melo mostrou que a sua campanha está em curso e que não se coíbe de usar o cargo para obter notoriedade e vantagens.