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Há uma espécie de frenesim a pairar nos últimos tempos em vários sectores de actividade da comunidade micaelense.
Sim, em S. Miguel, porque não se tem visto este frenesim nas outras ilhas, sobretudo nas mais pequenas, onde as populações não têm a mesma influência junto dos poderes ainda espalhados pelas capitais dos ex-distritos.
São manifestações de rua, abaixo assinados, declarações recheadas de ódio, ameaças de greves, queixas laborais de toda a espécie, actividades profissionais que acordaram agora, enfim, uma espécie de conflitualidade social e política que não era muito habitual nos últimos anos.
Tudo isto é interessante, porquanto leva muita gente a interrogar-se se este desconforto apareceu assim de repente ou estava reprimido nas últimas legislaturas.
Há ainda os que pensam que há aqui dedo político, manipulação de profissionais e agendas pessoais.
Seja o que for, uma coisa é certa: é benéfico que as pessoas dêem a cara, que lutem pelas suas causas, que façam actividade cívica, de que somos tão carentes quando comparados com os índices europeus.
Mas há queixas e protestos que nos deixam boquiabertos, pela fraqueza dos argumentos e das próprias causas.
Vemos isso nalguma sociedade civil, onde aparecem, à frente de algumas organizações, gente sem credibilidade profissional, mas também na política, onde tivemos mais uma semana de prova com a discussão do Plano e Orçamento no parlamento regional.
Foi, novamente, uma discussão, na sua generalidade, de pobreza franciscana, também ela altamente inflamada, cheia de tensões e de discursos muito fracos.
É a cara da nossa Região, dirão alguns.
Achamos que merecemos mais e, para enriquecermos os protagonistas da nossa política, é preciso mudar muita coisa, a começar por atrair os nossos jovens talentos que vão saindo de cá para enriquecer outras paragens.
Ainda agora ficamos a saber que, na última década, perdemos mais de 10 mil pessoas e, pior do que tudo, perdemos, também, a renovação da população activa, onde liderávamos no rejuvenescimento.
A demografia é o retrato da decadência que estamos a cavar nos Açores.
Desertificar ilhas e localidades é sinal de que o tão falado desenvolvimento é cada vez mais mera retórica nos programas políticos.
E quanto ao “desenvolvimento harmónico” é chão que há muito deu uvas.
Ainda vamos a tempo de mudar o rumo?
(Osvaldo Cabral – Diário dos Açores 27.11.2022)
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- Maria Helena Duarte DuarteGrandes verdades o povo é quem mais ordena ? Sim o povo ordenha as vaquinhas se as tiver .porque eles comem tudo e não deixam nada .este slogan continua atualizado3
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Jose Garciaconcordo em absoluto, e digo isso. As máquinas partidárias não querem entender e acomodaram-se ao seu conforto. Não querem ouvir e nem ser incomodados. A elite acha-se dona de isto tudo. Eles é que podem tudo e sabem tudo. Só precisam do Voto dos atoleimados de 4 em 4 anos.4- Like
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