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Os europeus saíram à rua para apoiar a Ucrânia e pedir a paz, os governos apressaram-se a emprestar dinheiro para Kiev comprar armas. Faz sentido? Se olharmos para a guerra com olhos de guerreiros, a resistência armada, mesmo que apenas adiando a derrota, é sempre vista como uma coisa heroica. Mas a mim até o apelo do presidente Zelensky aos cidadãos de Kiev para ficarem e defenderem a capital me custa aceitar, pelo número de vítimas civis que a guerra urbana acarreta. A guerra com armas é para os militares. Derrotar um ditador como Putin, rodeado de uma oligarquia multimilionária, só se consegue com sanções inteligentes. Fechar a torneira do dinheiro é a única coisa que os amigos do czar percebem. É nos Abramovich desta vida que reside a solução para esta guerra.Olhemos para a estratégia que levou ao reforço do poder militar da Ucrânia, pensando que dessa forma evitavam mais imperialismo russo. Depois de todas as armas que compraram nos últimos anos, os ucranianos não passaram a estar capazes de evitar uma invasão dos russos, apenas resistirão mais tempo. O que se torna muito difícil de perceber é que o Ocidente considere (bem) que não faz sentido resolver este conflito pela força das armas, mas entenda que faz sentido emprestar mais umas centenas de milhões de euros para a Ucrânia lhe comprar armas, que os russos se têm encarregado de destruir, à medida que sobem mais uma escala na criminosa invasão do seu vizinho, ex-povo irmão das repúblicas socialistas soviéticas.A Ucrânia tem um PIB a rondar os 140 mil milhões de euros e, nos últimos 15 anos, praticamente triplicou a percentagem dessa riqueza que é gasta anualmente com o seu exército. É fazer as contas, como dizia o secretário-geral das Nações Unidas, no tempo em que era apenas candidato a primeiro-ministro de um país da União Europeia. Eu fiz, de cabeça. Um ponto percentual equivale a mil e quatrocentos milhões de euros, sendo que 4% são 5,6 mil milhões a cada ano que passa, muitos milhares de milhões desde que a Crimeia foi anexada por Moscovo, em 2014. É uma gota de água, comparada com a riqueza que o vizinho gigante gasta para continuar a ser uma potência militar de primeira grandeza. Uma potência nuclear.Quando a guerra faz que tudo o resto que acontece no mundo não mereça mais que um minuto da nossa atenção, os pacifistas são vistos como traidores por ambos os lados da barricada. Só que é preciso não gastar mais tempo a contribuir para a matança, sem fechar de vez a torneira do dinheiro à oligarquia liderada por Putin. Em todos os cantos do mundo, onde esses oligarcas possam ter um cêntimo que seja, é preciso fechar-lhes a torneira. Esta é uma batalha onde não há espaço para tréguas nem paninhos quentes e, sobretudo, não pode haver perdão para qualquer réstia de hipocrisia dos líderes ocidentais. Nenhuma vida tem preço, nem há pragmatismo que justifique hesitações nesta guerra em que Putin acabará inevitavelmente derrotado.
Source: A arma que vai derrotar Putin