PIDE NOS AÇORES E BUFOS

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  • Roberto Y. Carreiro

    Aqui vai um . [NA ILHA DE S.MIGUEL A PIDE TINHA MUITOS AMIGOS E MUITOS INFORMADORES (III)
    ( continuação do artigo de PEDRO DA SILVEIRA publicado na revista «Seara Nova» de Julho de 1974, sobre a inauguração das instalações da PIDE na cidade de Ponta Delgada em 07.11.1957]
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    ►[ Sobre a chegada do capitão Neves Graça (director da PIDE) e consorte a S. Miguel há notícias pormenorizadas no mesmo “Diário dos Açores”, edições de 5 e 6 de Novembro.
    Quanto à inauguração das instalações da Praça Gonçalo Velho, vale ainda a pena ler a reportagem do vespertino “Correio dos Açores” do mesmo dia 8 de Novembro. O seu redactor, um tal Aurélio César, ex-enfermeiro e em tempos remotos militante socialista (redactor ou colaborador d’O Protesto), que viria a acabar informador da PIDE, desta vez refinou nos elogios ao que chama «um importante serviço público» e um «valioso organismo do Estado». Com amostra do seu estilo sufalmídico, veja-se o que diz da bênção eclesiástica : « O Reverendo Ouvidor Eclesiástico Monsenhor José Gomes procedeu à bênção com que a Nação inicia sempre tudo o que carece da Graça de Deus, para a colheita dos frutos da justiça social».
    Eficiente em dar a nota do mundanismo, lá põe o «Na assistência recorda-nos ter visto, e, além dos convidados a título oficial, nomeia mais os seguintes : «Dr. João Bernardo de Oliveira Rodrigues; dr. Fernando Raposo de Medeiros e esposa; Álvaro Ataíde Correia (um grande amigo de ROSA CASACO, que hospedou em sua casa em Julho de 1959, quando ele tornou à ilha de S, Miguel como…. turista) – ver “A Ilha” de 25-VII-1959 – ; dr. Humberto Correia de Medeiros e esposa ; Aníbal dos Reis Baptista e esposa ; Nicolino Augusto do Couto (vulgo dr. “Tacão”, enfermeiro, representante de laboratórios de especialidades farmacêuticas e conhecido informador da PIDE/DGS) e engº Costa Matos e esposa.
    De notar que das autoridades locais só uma não compareceu, optando por fazer-se representar : o comandante da Defesa Marítima, que era então o democrata comodoro Luís de Freitas Oliveira Lima.
    O cônsul-geral de Portugal em Paris é presença que, à primeira vista, não se entende muito bem. Trata-se do dr. Martim Machado de Faria e Maia, natural de Ponta Delgada e que na ocasião encontrava-se ali em férias. Antes de entrar na carreira diplomática tinha sido delegado do I.N.T.P. em Angra do Heroísmo, onde deixou bem marcada a sua actuação como mais salazarista do que Salazar. Além de então ter sido colaborador muito assíduo d’A Pátria, orgão angrense da U.N. – União Nacional (desde 1937, quando foi arrebatado, pela violência, ao seu proprietário e director, o tipógrafo democrata José Cruz), a sua acção fez-se sentir na Ilha Terceira, com notável ferocidade, na «limpeza» dos sindicatos. No Sindicato dos Caixeiros, além dele próprio ter destruído o retrato dum dos fundadores, o regicida Alfredo Costa, mandou rasgar e queimar tudo o que no arquivo era testemunho dum brilhante passado reivindicativo. De notar, ainda, que ali, de parceria com o secretário-geral do governo civil, dr. Francisco Lourenço Valadão Júnior, teve que ver com a morte dum pobre homem, de apelido Pimentel, cujo único “crime” era ter dito, a propósito do racionamento do pão, já no tempo da guerra, que, “se calhar, os graúdos têm quanto querem”….. ]
    (continua)
    @ Ryc
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    • 11 h

    Ber Maica replied
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    10 h