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Francisco Madruga posted 2 updates.
Na Feira dos Burros no Azinhoso
Era normal nas minhas deambulações saltitar de casa em casa, mas também a casa dos meus avós era frequentemente visitada pelos sobrinhos para combinar tarefas do campo ou simplesmente para conversar.
Por altura da Feira dos Burros no Azinhoso o António Galvão passou lá por casa de bicicleta a meio da tarde a dizer que ia à Feira.
– Eu também quero ir – atirei a ver se pegava.
– Oh meu Tio, posso levar o garoto?
– Mas o que vai ele lá fazer até, às tantas, da noite? – Tentava o meu Avô
– Eu trago o garoto não se aflija
– Monta aí! – Ordenou.
Caminho de Nogueira, Eiras, no Cruzeiro vira para o Azinhoso e lá vamos pela estrada fora saboreando a sombra dos olmos e freixos.
O António cantarolava e eu bem agarrado segurava-me, nem olhava para o lado.
Chegados ao Azinhoso, bicicleta guardada em algum palheiro, juntamo-nos aos Ciganos. O António era muito bem relacionado com os Ciganos e especialmente com as Ciganas. Dava-lhe abrigo frequente lá pelos palheiros da terra.
Fomos percorrendo a Feira e assentamos arraial numa Tenda para jantar.
Altas horas da noite, regressamos à Aldeia. Um céu completamente estrelado iluminava o caminho e perdíamos o olhar na distância do Planalto,
O António metia conversa com medo que eu adormecesse.
Entrados no Povo em vez de ir para a Fonte vai para o Ferrol!
Abre a porta do palheiro, atira a “mula” para cima da palha e ordena;
– Deita-te aqui que de manhã levo-te a casa.
Acordados bem cedo, fomos até à cozinha para dar os bons dias à Tia Amélia.
– Então não se “desenjuam”?
– Vou levar o garoto a casa.
Subimos as escaleiras, empurramos a porta e atirou o António:
– Oh meu tio, trago-lhe aqui o garoto.
– mas, ficaste de o trazer ontem!
– Já era tarde. Dormimos na curralada,
– Com os Ciganos?
– Pois então! Queria que os mandássemos para a rua – atacava o António.
– O que dirão os pais do garoto quando souberem que andou a dormir com as ciganas? Começa cedo!
– Dê-lhe mas é de comer que deve estar cheio de fome.
– Ora ma destas, agora a dormir com os ciganos!
E eram dos bons. O “Mismis”, o “Mudo” e as respetivas mulheres!
Havia também o “Fleme” e a “Branquinha”. O “Mirandês” e a “Maria”!
O Adérito e a Sra. Rosa.
Gente boa e integrada!
