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Vamos conversar
O dia 11 de fevereiro de 2021 ficará para a história da transportadora aérea regional como o primeiro dia do resto de uma vida que não voltará a ser como até agora. O primeiro passo para uma nova SATA já está dado, falta agora todo um caminho que não vai ser fácil e cujo rumo não fica, de todo, definido com este plano que mais não é do que um “agora vamos conversar” com Bruxelas.
A avaliar pelo que foi tornado público, a reestruturação da companhia aérea açoriana foi desenhada em “português suave”, sem despedimentos, com cortes salariais mínimos, rescisões amigáveis (48 até agora com a previsão de saírem mais 100 funcionários até 2023), cortes negociados com os fornecedores, reestruturação da frota da Azores Airlines e melhorias na eficiência operacional. A isto o CEO da SATA chama os “quatro pilares” em que assenta o futuro da SATA e que permitirão uma poupança a rondar os 68 milhões de euros até 2025. Não parecem números capazes de impressionar Bruxelas (tendo em conta o histórico recente da empresa).
O plano, sumariamente apresentado aos jornalistas, ambiciona colocar a
empresa em terreno positivo a partir de 2023 (onde é que já ouvimos algo semelhante?) numa caminhada gradual a começar já este ano. Não duvidando da boa-fé nem da capacidade profissional de Luís Rodrigues, fica a ideia de um otimismo exagerado que poderá não encontrar eco do lado dos senhores de fato preto que analisam estas coisas em Bruxelas.
Dito de outra forma, o plano de reestruturação da SATA parece demasiado brando, demasiado dependente de fatores externos e excessivamente otimista na previsão das receitas (como explicou João Teixeira no programa Conversa a 4 da Açores-TSF) que precisam de um cenário mais-do-que-perfeito para baterem certo.
Perante isto, não é de excluir um cenário em que a Comissão Europeia assuma o papel de mau da fita e obrigue a administração da SATA a refazer as contas e a rever linhas estratégicas para acomodar um plano bem mais duro. Seja como for, espera-se que os decisores europeus compreendam a importância que a SATA tem para os Açores e sejam benevolentes. E aqui importa não deixar passar em claro a responsabilidade de anteriores administrações da empresa e governos regionais que deixaram a SATA cair a pique ao ponto de o futuro estar agora nas mãos de terceiros.
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Paulo Simões
– Açoriano Oriental de 14/02/2021}
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- Em resumo, não se pode esperar resultados diferentes continuando a fazer tudo da mesma maneira1
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