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“Com as escolas abertas, na melhor das hipóteses vamos ter um R um pouco abaixo de 1 daqui a umas semanas. Entretanto vai havendo mais de dez mil casos novos por dia e os hospitais já estão cheios. Um confinamento mais drástico iria cortar mais rapidamente a propagação e poupar muitas vidas. Não é nada evidente que esse sacrifício seja um preço aceitável por umas semanas de aulas presenciais. Principalmente para quem vai ser sacrificado.”
14 de Janeiro.
Entre as 52 excepções ao confinamento, que incluem missas e “jogos sociais” (a raspadinha é um bem essencial), está a obrigatoriedade de crianças, adolescentes e jovens adultos irem a aulas presenciais.
Concordo que a escola é importante para muitas crianças que não têm condições adequadas em casa e que simplesmente fechar tudo poderia ter consequências piores, para algumas crianças, do que o risco de contágio. Mas isto não justifica obrigar todas as famílias a deixar os filhos na escola para terem aulas presenciais de Francês ou História. A relação entre risco e benefício é muito diferente de família para família, quer pelas condições em casa quer pela constituição do agregado familiar, e obrigar a expor toda a família desta forma indiscriminada é injustificável. Era melhor que o governo começasse por dar às pessoas condições para decidirem como se protegem em vez de impor regras arbitrárias e até contraditórias.
Outro problema é o efeito previsto na taxa de propagação do vírus. Com as escolas abertas, na melhor das hipóteses vamos ter um R um pouco abaixo de 1 daqui a umas semanas. Entretanto vai havendo mais de dez mil casos novos por dia e os hospitais já estão cheios. Um confinamento mais drástico iria cortar mais rapidamente a propagação e poupar muitas vidas. Não é nada evidente que esse sacrifício seja um preço aceitável por umas semanas de aulas presenciais. Principalmente para quem vai ser sacrificado.
Há também o efeito que isto tem no cumprimento das regras. Para os pais que todos os dias terão de se deslocar para levar as crianças à escola, ou que todos os dias têm os seus filhos a andar de transportes públicos, a proibição de ir ao café ou de conviver com amigos e familiares fará muito menos sentido do que faria se o confinamento fosse levado a sério.
Finalmente, há uma nova variante do vírus que se propaga mais facilmente e não é travada com as medidas mínimas necessárias para as variantes até agora mais comuns. Durante as próximas semanas essa variante vai estar a espalhar-se exponencialmente. Esta não é a altura para fazer o mínimo na esperança que baste para ficarmos todos bem.
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- E sobre o vai e vem de crianças e jovens em isolamento profilático, pouco ou nada se fala na comunicação social… Não convém.Curiosa, agora, para ver quando chega a tal campanha de testes às escolas.2
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