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Da abstenção
Nas últimas eleições regionais a taxa de abstenção foi de uns obscenos 59.2%.
A cada eleição, os políticos choram lágrimas de crocodilo sobre o flagelo e juram medidas para o combater. O Presidente do Governo chegou a sugerir, depois de a taxa de abstenção para as europeias ter atingido o valor estratosférico de 81,3%, benefícios fiscais para os eleitores.
No entanto, apesar das flagelações públicas, os políticos nada fazem para limpar os cadernos eleitorais e incentivar o voto.
Esta semana, os contribuintes da região receberam um email da AT com informação sobre o voto em mobilidade. Em face da celeuma de tão inusitada missiva o Vice veio a terreiro defender o gesto como sendo de combate à abstenção. É como aquele aluno cábula, que passou o ano na borga e que só estuda para o exame na noite anterior, e depois se queixa de ter chumbado.
A abstenção combate-se com coisas simples como, por exemplo, incutir na sociedade a ideia de que não há eleitos e eleitores, um nós e um eles, o povo e os políticos, mas que em democracia somos todos cidadãos. Segundo o último Eurobarómetro apenas 22% dos portugueses confiam nos partidos e 94% acham que a corrupção está disseminada na sociedade.
Talvez devessem começar por aí…
Café Royal
Pedro Arruda
Gestor/comentador
(Açoriano Oriental de 15/10/2020)
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