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A MARATONA
A RTP-Açores atribuiu-me a tarefa de moderar os nove debates dos círculos eleitorais de ilha às Regionais 2020, a que se juntaria depois mais um décimo debate, com os líderes/coordenadores das
várias ‘forças’ políticas. Sabia à partida que não seria empreitada fácil. E não foi. Fiz o melhor que sabia. E fui apenas a cara de uma vasta equipa que passou dias e noites no Arquipélago, Centro de Artes Contemporâneas. Foram10 debates, 9 de enfiada e o último depois de dois dias de intervalo. Mais de 15 horas! Com um total de 74 intervenientes. Houve debates com 4 participantes e debates com 12 !? Sim, eu sei e sabemos todos: foi um ‘debate’, seria impossível que fosse um debate. Não foi possível agora, nem antes, nem será depois. Não há milagres.
O moderador é uma espécie de árbitro, e como tal está sujeito a ouvir das boas. Tive de ler alguns ‘mimos’ por aí. E também alguns elogios. Num caso e noutro com exageros. Nem besta nem bestial. Sei muito bem fazer a autoavaliação do meu trabalho. Em todo o caso achei interessante a análise de um colega de profissão no seu blog [ https://escrevi.blog/ ] sobre a prestação dos candidatos e sobre a prestação do moderador. Amigos amigos, análises à parte. E o Souto Gonçalves não me poupou.
Aceito de bom grado as suas críticas (não li ainda a do último debate e por isso não sei se na nota final passo no exame ou se reprovo). Concordo com muitas delas, com outras nem tanto. Mas no final desta maratona o que mais me entristece é o modo como as pessoas encaram a política e os políticos, comentando um debate como se assistissem fanática e acefalamente a um jogo de futebol. E a história de que os políticos são todos iguais e que só querem é ganhar/roubar é algo que me entristece e enoja e que me faz temer pelo futuro que se adivinha. Foi mais uma vez a confirmação da ‘iliteracia política’ de uma vasta maioria que resulta nas vergonhosas taxas de abstenção. [À falta de melhor, continuo, e continuarei, a defender o voto obrigatório.] Mas destes debates retenho também a voluntariedade e a comovente ilusão de caras novas que saem da sua zona de conforto e sonham acrescentar algo à política regional. Alguns muito jovens e com ideias arejadas. Bem hajam pela sua disponibilidade. E já agora, bem hajam também os mais veteranos que estão na política de forma abnegada e séria, apesar de verem frequentemente os seus nomes enxovalhados na praça pública. Eu sei que vocês não «são todos iguais». Ah, e dia 25 vou votar. Naqueles que achar que são os melhores para os Açores. [A foto é do José António Rodrigues, momentos antes do início do último debate]
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